quarta-feira, 14 de julho de 2010

O ANJO CHAUVINISTA

Ontem à noite, 10/07/10, fui ao Sarau da Amizade. Deveria ser mais ou menbos 19h10min quando eu subia à escdaria de uma passarela.O lugar estava ermo.
- Iupiiii!!! - ouvi de súbito alguém gritar. - Roubei esse celular de um peruano, agora mesmo! Ele não é lindo?
O indivíduo prosseguiu a meu lado, conversando comigo como se já nos conhecêssemos havia muito tempo. Disse-me que não roubava pessoas iguais a mim, que estava voltando do trabalho, que só fazia isso com os peruanos, porque, a despeito de eles também serem trabalhadores, eles não são brasileiros. Fiquei pasmo mediante o dicurso chauvinista do larápio, que não conseguia ver num estrangeiro um ser humano digno de respeito.
- Só tem ladrão! - fez outro sujeito, que topamos quando estávamos chegando ao final da passarela.
Como uma fera que espreita uma desprotegida presa, preparando o bote para atacá-la, o malaco olhou para mim.
- Esse aí tá comigo! Não mexe com ele não!
O outro nada retrucou, prosseguiu.
- Não é o que digo! Aquele lá não é igual eu não - rouba trabalhador. Se não sou eu... Ele já estava querendo li roubá!
Naquele instante lembrei-me de um texto que redigi, que narra a estória de um homem, que tem muita fé no seu anjo da guarda. Mesmo quando lhe acontecia algo que à primeira vista parecia ser ruim, depois ele concluía que tal tinha sido uma ação de seu anjo da guarda, com o intuito de protegê-lo. Inclusive, a personagem passa por uma situação semelhante àquela que vivi ontem. É... "Deus escreve mesmo certo por linha tortas"... De um modo ou de outro, aquele rapaz foi meu anjo da guarda naquele instante.
- Vai com Deus! - disse ele ao nos despedirmos.
Que bom... - pensei. - Ainda há esperanças para ele, que ele crê no Supremo.


PLEBE RUDE
Quando ambulo
Pela rua, fulo
Vejo o céu cinzento
Carros trafegando
Pessoas pelas calçadas
Num incessante vaivém
Sem que ninguém
Olhe para o rosto
Daquele que passa ao lado.
Fumaça dispersa pelo ar
Pulmões agredidos
Visão embaçada...
Ah! vida malagueta!...
Ali, um saído do bar
A cercar frangos...
Etilizado, ignorado pelos demais;
NÃo é mais um homem -
É um pau-d`água!...
Acolá, em forma de cão
A fome a virar latas...
Seu dono, tão famélico quanto a ele
É um mendigo,
Miserável apenas na aparência,
Que divide com o animal
As sobras que encontra no lixo.
E, eu, vendo sem ver;
Aceito sem aceitar -
Normalidade da anormalidade
Que se tornou normal...
Regra suprema de uma sociedade
Na qual tudo, tudo, tudo
Transforma-se em lucro para os maiorais
Em detrimento da insignificante plebe rude.

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