terça-feira, 9 de março de 2010

PORRE

Existem pessoas que se julgam um dicionário ambulante, que conhecem todas as regras gramaticais, que jamais cometerão um deslize gramatical, tão comum no dia-a-dia dos simples seres humanos mortais. É um porre conviver com pessoas assim, que basta alguém dizer algo fora dos padrões da meta linguística da língua portuguesa que tal já pergunta num tom professoral:
- Que quê foi mesmo que você disse? Não se diz assim; mas assado e bla, bla, bla, bla...
Eu mesmo tenho um amigo assim. Ele tem horas que... enche... Certa feita, estávamos em um bar que ele tinha, chamado Bebê Cultura. Um dos circunstantes saudou uma mulher recem-chegada, dizendo que a havia visto em uma feijoada. Pronto! Não faltou mais nada para o camarada armar o circo:
- Então você viu ela na feijoada? Que parte que ela era - os pés, o rabo, ou a carne-seca? Quiá, quiá, quiá, quiá?
Até hoje ele continua achando que o sujeito cometeu um erro imperdoável, ao dizer que havia visto a mulher na feijoada. Eu, particularmente, não acho, porque entendi perfeitamente o que ele quis dizer. Mas fazer o quê, né? Tem pessoa que só entende o que quer entender...
De uma outra vez, eu me encontrava com aquele mesmo amigo dono do extinto Bebê Cultura. Mostrei a ele um livro de minha autoria, Se Você Sofre... Meus Parabéns! Ele começou a ler um dos contos do livro. Então ele se deparou com uma frase que dizia que a personagem tinha a nítida impressão que...
- Nítida impressão? - fez ele.
- Sim! - disse eu.
- Pois está errado, que o jeito certo de escrever é nítida imprenssão!
E o pior é que naquela hora cheguei a pensar que ele tinha razão. Depois, porém, consultei o dicionário e só então percebi que o "dicionário ambulante" registrava equivocadamente a maneira certa de grafar a plavra impressão.
A meu ver é raro quem não comete erros de gramática, uma vez que a língua portuguesa é muito complexa. Acho até uma besteira essa implicância que alguns têm com as pessoas mais simples, que não conseguem se expressar de acordo com as regras da língua padrão. Até mesmo porque quando alguém diz alguma coisa, normalmente atinamos o sentido do que este alguém quis dizer, independente dos erros de concordância verbal, nominal, numeral ou pronominal.
Agora o que me é difícil admitir são os erros contidos nos anúncios direcionados ao público, que muitas vezes são oriundos de importantes companhias, qual ao da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) em razão dos transtornos causados por uma obra:
Desculpe o transtono!
Depois, não querem que o povo se expresse errado. Poupe-me o transtorno.

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