sábado, 27 de fevereiro de 2010

VISITA AO TERCEIRO MUNDO

Bob Alison, riquíssimo empresário nova-iorquino, nunca havia visitado nem um país do "Terceiro Mundo". Tudo que ele conhece dessas nações são os lucros oriundos delas, resultado das muitas empresas que ele possui disseminadas pelas principais capitais do globo.

Desde a mais tenra idade, ele abraçou a carreira empresarial e fez disso a razão der sua existência. A mente dele funciona dia e noite sememelhante a um computador, fazendo novos projetos a fim de aumentar ainda mais seu imenso patrimônio.

Nos momentos de ócio, ele não consegue relaxar e aproveitar a vida, porque seus pensamentos continuam no escritório. Cheirar cocaína é a única maneira que ele encontrou para romper as amarras que o prendem ao mundo dos negócios. Para ele, o Céu se configura aqui mesmo nesta existência, e a América do Norte é o panteão, cujos deuses que o habitam têm o direito inalienável de governar o restante do mundo da maneira que lhes for conveniente.

Bob Alison se orgulha de ser um cidadão norte-americano. Dentre seus compatriotas não há quem defenda o neocolonialismo com maior eloquência que ele. Para justificá-lo, diz que a descendência inglesa de sua nação por si só já lhes dá esse direito, porque os britânicos são uma raça forte, que colonizara muitos povos; portanto, nada mais natural que darem continuidade a essa tradição.

Em Uma véspera de feriado, junto com alguns empresários amigos dele, fazem uma festa em uma cobertura de um magnífico arranha-céu. Eles contratam várias meretrizes para se "divertir". Como de costume, ele precisou inalar cocaína para conseguir se descontrair e participar do festim.

Uma bela morena, que se encontra entre o pessoal encareregado de distribuir os comes e bebes, fascina-o com seu caminhar sensual. Interroga a um garçom sobre quem é aquela jovem beldade. Ele lhe disse que ela havia chegado do Brasil recentemente. Ao saber que se tratava de uma brasileira, ele fica mais excitado ainda, porque sempre ouvira dizer que as mulheres dessa nacionalidade têm um jeito todo especial de fazer sexo.

Quando um de seus amigos nota que ele quer possuí-la, aconcelha-o a desistir dessa idéia, porque a moça não viera ali para se prostituir; além disso, há diversas garotas disponíveis naquele lugar. Alison responde ao companheiro que o Terceiro Mundo deve serví-los em todos os sentidos, porque ao longo dos tempos passados sempre fora regra os povos subalternos se submeterem aos seus senhores. Cita como exemplo "a prima noctis" da era feudal, que dava direito ao suserano feudal dormir com as noivas de seus servos na primeira noite de núpcias.

Pouco depois que disse isso, manda chamar a jovem e a convida para um drinque. A moça recusa a bebida, pede desculpa e diz a ele que se fizer isso, possivelmente, será demitida pelo seu superior. O empresário replica que ela poderá beber quanto quiser em sua companhia, sem qualquer receio de perder o emprego, porque naquele lugar é ele quem dita as regras do jogo. Mesmo assim a garota prefere abster-se da bebida. Bob Alison a leva para perto da piscina, sentam-se num banco e ele tira do bolso uma cápsula de cocaína. Pertgunta se ela não quer dar uma cheiradinha. Ela fica incomodada com a pergunta, respónde quie não usa drogas. Ele obstrui uma das fossas nasais, precionando-a com a polpa do dedo indicador, inala o pó alucinógeno com a outra, diz:

- Você não sabe o que está perdendo, meu bem!

Vizinhos a eles, dois caisai se despem, começam a copular. Dentro do apartamento todos praticam sexo grupal. Alison acaricia-lhe o antebraço, sobe a mão em direção ao pescoço dela. Em seguida, abre-lhe o primeiro botão da camisa, vê a parte superior dos seios da moça, envoltos por um sutiã branco, enfeitado com rendas nas partes superiores.

Juçara levanta-se do banco, dizendo que vai embora. Sai apressada, pulando por cima das pessoas que praticam sexo, deitadas no chão, ocupando todos os espaços do apartamento.

Dois seguranças enormes não a deixam sair. Levam-na de volta até o empresário. Bob Alison ainda continua sentado no mesmo lugar. Ele permanece assentado tranquilamente, diz à moça que de um jeito ou de outro ela vai ter que satisfazer seus caprichos dele. Portanto, o melhor que ela tem a fazer é ser "boazinha", tentar relaxar e aproveitar tudo da melhor maneira possível. Juçara se sente pressionada contra a parede. Sozinha em um páis estrangeiro, lutando para alcançar um padrão de vida melhor, sem ter alguém por perto para ajudá-la, ela temeu pela sua vida naquele momento e se viu compelida a satisfazer os caprichos do inescrupuloso empresário.

Quando tudo chegou ao fim, ele pegou um talão de cheque e uma caneta, preencheu um cheque vultosos e deu para ela. O interior dela está em caos; olha para a ordem de pagamento e a coloca em cima do assento, emite um suspiro profundo, cobre o rosto com as mãos e põe-se a chorar.

Depois daquilo, Bob Alison nunca mais foi o mesmo. Perdeu todo o interesse pelas mulheres norte-americanas e vive sonhando com as brasileiras. Compra revistas pornográficas e fitas de vídeo exportadas pelo Brasil.

O que parece impossível acaba acontecendo. Ele, que tem uma grande aversão pelo Terceiro Mundo, decide fazer uma viagem de turismo ao Brasil. Espera pelo Carnaval e quando ele chega, passa a administração de suas esmpresas às mãos de seu diretor auxiliar, faz as mala e vem conhecer o Gigante Adormecido da América do Sul, em companhia de um aio.

Oh! Caranaval! Quantas loucuras!... Diverte-se a valer, fazendo sexo todas as noites, com as mais belas mulheres que seus dollares conseguem comprar. Pretende voltar após a festa luxuriante; mas gostou tanto daqui que resolveu ficar mais alguns dias.

No decorrer desse tempo, acaba descobrindo que o Brasil é muito mais do que mulheres bonitas, samba, Carnaval, cerveja e futebol. Viaja através de vários estados, constata apesar do neocolonialismo, que seu país impõe ao nosso, possuímos uma cultura riquíssima que constiui uma verdadeira antítese em relação ao modus vivendi, que os yankees tentam nos impor.

Os encantos naturais desta terra o seduziram tanto, que ele termina indo a Amazônia, conhecer aquela região, que tanto capital lhe proporcionara através da exploração mineral e florestal. Quando embarcou em um navio e navegou pelo Rio Amazonas, achou-o espetacularmente belo. Por mais que se esforce não consegue associá-lo a outro caudal de sua terra natal. No momento em que a embarcação está passando perto de um hotel, localizado às margens do afluente em plena floresta, ele resolve se hospedar nele por alguns dias.

Nesta mesma parte da selva, algumas aldeias indígenas formaram uma confederação, com o objetivo de expulsarem os homens brancos invasores, que dia após dias estão invadindo seus territórios e destruindo o eco-sistema tão necessário às suas existências. O que mais o deixam furiosos, é o fato daquele hotel ter sido erigido em um local que eles consideram sagrado. De acordo com uma lenda, de uma das tribos, fora ali que "Maira Hu", criara o primeiro acenstral daquela etnia. O hotel inspira confiança. Ninquém imagina que ele possa ser atacado de uma hora para a outra.

Bob Alison caminha com seu aio pelas adjacências da hospedagem, observando a fauna e a flora, quando presencia a chegada de uma grande leva de guerreiros. Os dois fiacam terrificados e ao mesmo tempo curiosos, porque a cena parece ter saído de dentro de um filme holliwoodiano. O medo supera a curiosidade e os norte-americanos correm rumo ao hotel.

Um segundo grupo de aborígines sai do mato e os intercepta. Um dos bugres, que aparenta ser o chefe, diz aos outros para que os matem a golpes de borduna, que adversários tão insignificantes quanto a eles não merecem morrer seteados. O aoi recebe um golpe de tacape e cai morto diante de Bob Alison. Ao vê-lo prostrado, com a cabeça aberta, tingindo o solo de sangue, fica totalmente alucinado, pedindo que não o matem. Os índios ouvem-no dizendo e redizendo enquanto chora ajoelhado ao chão:

- Misteres, plise don`t mi killed-mi! ( Senhores, por favor não me matem!).

O mesmo bugre que havia mandado abatê-los a golpe de tacapes, achou-o covarde demais a ponto de desonrar aquele que o matar e decide poupá-lo. Deixam-no amarrado a uma árvore, atacam o hotel, massacra todos os hospedes e incedeiam a estalagem.

Bob Alison é levado por uma das tribos. Os índios lhe dão um nome no dialeto deles, que posteriormente ficará sabendo que significa o Filho do Medo. O mepresário jamais imaginou que fosse terminar sua vida daquela maneira. Fazem dele uma espécie de bobo da corte da aldeia; além disso, utilizam-no como escravo.

Ele nunca havia servido a ninguém em sua vida. Revoltado com sua situação, resolve fugir. Mas assim que divisa uma onça, volta correndo para a aldeia, gritando que havia visto uma enorme onça próximo à aldeia. alguns guerreiros adentram-se no mato e constatam que a mega-onça não passa de uma jaguatirica, a menor representante da espécie. Por causa disso, todas às vezes que alguém quer zombá-lo, brada:

- Olha a onça!

Sempre que os guerreiros saem para caçar, levam-no e quando abatem algum animal, colocam-no para transportar. Bob odeia servir de burro-de-carga para aqueles nativos.

De vez em quando ele se rebela, senta-se ao chão, cruza os braços e se nega a cumprir a tarefa que lhe é determinada. Quando isso acontece, não é preciso que façam muita coisa para que ele volte a trabalhar. Basta qualquer curumim, por mais pequeno que seja, apanhar um tacape e caminhar de encontro a ele. Alison levanta-se e recomeça a trabalhar no mesmo instante.

Depois do primeiro ano ele vai se acostumando com sua condição servil e passa a servir os nativos com diligência.

Através daquela convivência forçada, ele conhece um mundo totalemente ao oposto do dele. Com aquele povo, acaba descobrindo o que é a verdadeira liberdade. Naquele lugar, ninguém tem nada e ao mesmo tempo tem tudo... Para aquela gente a floresta representa o maior tesouro. Sabem conviver com o eco-sistema sem agredí-lo, adaptando-se a ele com grande sabedoria, adquirida ao longo de várias gerações.

Alison fica impressionadíssimo com o respeito que os nativos têm pelas crianças. Sempre que vão conversar com um curumim, abaixam para ficar em pé de igualdade com ele.

Quando consegue superar o oceano de preconceitos que jazia em seu ser, pode finalmente compara a cultura indígena com a civilizada e percebe quanto são falsos os valores que antes ele defendia, que na verdade só servem para justifiacar o despotismo yankee perante os outros povos. Aos poucos vai conquistando o respeito dos nativos e incorporando os costumes deles. Aprende a pescar, caçar. diferenciar frutos comestíveis dos não-comestíveis e a fazer armas. O aprendizado daquela cultura o transforma em um novo ser. Todos os seus temores vão sendo superados e submetem-no a um ritual de iniciação. Após submetê-lo a vários testes ardorosos o concideram guerreiro e o denominam de Andira, o Morcego, nome esse que lhe fora dado devido a radical metamorfose sociaL que ele sofrera, que pode ser comparada à desse animal.

Andira renascera também em sentimentos. Aprendeu a amar o seu próximo, chegando até mesmo a se apaixonar de verdade por uma das nativas da aldeia. Tamekum, o alvo de suas atenções, é uma das mais bonitas índias da taba. Um dia, Andira a pede em casamento para os pais dela. Eles não negam o pedido; porém, antes terá que dar-lhes prova de seu valor. Ele tem a oportunidade de dar as provas exigidas pelos futuros sogros numa grande festa do Quarupe, competido com outros guerreiros e várias provas desportivas, que inclui a uca-uca, espécie de sumô praticado pelos nativos.

Os dois se casam e vivem felizes. Após o nascimento de seu primeiro filho, chega às adjacências da aldeia uma grande empresa mineradora, que havia descoberto uma enorme mina de ouro. Todos os mananciais começam a ser dragados, os peixes morrem intoxicados pelo mercúrio, que é lançado na água, os animais fogem apavorados pelo barulho insurdecedor das dragas.

Os índios resolvem enfrentar os invasores, armam-se e vão de encontro aos inimigos. Assim que o confronto tem ínicio, muitos índios são mortos, pois os garimpeiros estão muito bem-armados, que já previam que isso fosse acontecer.

Não sendo possível expulsá-los, voltam para a aldeia, levando com eles seus mortos e feridos. Os garimpeiros decidem devastar a aldeia e se dirigem para lá. Quando eles chegam, armados de rifles, disparando tiros contra mulheres e crianças, Andira reconhece o líder do grupo. Corre na direção dele, grita:

- Bred ford,Dont`t you recongniz me? As you boss I ask you toquit with butchery! ( Bred Ford, você não está me reconhecendo? Na qualidade de teu chefe, ordeno que pare já com este massacre!).

Suas palavras não puderam ser ouvida devido aos estampidos das armas. Brad o vê; mas não o reconhece. Pensa que é um nativo se prorropendo para atacá-lo e atira nele.

Naquela mesma noite, ele faz uma festa para comemorar o extermínio dos nativos, sem desconfiar por um segundo sequer que havia matado seu patrão. Apenas uma coisa o intriga - o fato dele nunca ter visto antes um aborígine dos olhos azuis.

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