sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

NAUFRÁGIO

Um dia tive por companheira a solidão.
Não me preocupei, não me desesperei
Não gritei impropérios contra a lei
Invisível, inexorável que rege o universo.
Tampouco, desesperado, saí
Procurando a companhia de alguém
A quem pudesse chamar de meu bem.
Tempos... mais tempos e mais tempos, daí
Te vi, te quis, tu me quiseste...
Assim, tão simples assim
Naquele dia sorriste e me disseste sim...
Assustada, minha solidão se diluiu
Ou talvez naufragou no rio
Caudaloso, tempestuoso
Do amor que você me deu.

PALADINA JUSTICEIRA

Putis grilo, como são chatos a maioria dos filmes que exibem na tevê aberta. Só muda os nomes deles, que o enredo quase sempre é o mesmo - o heroi bam-bam-bam fodidão, que extermina todos os bandidos, dá as costas e sai, incólume, deixando para trás um rastro de destruição enquanto tudo explode, espalhando labaredas para todos os lados. Ou então, filmezinhos chumbregas de terror de última categoria, que tem sempre um maníaco alucinado, que mata todo mundo de forma bárbara e cruel, para que os telespectadores vejam muito sangue.
Antes de assistir à tevê à cabo, achava que ela fosse melhor, mais educativa e lúdica, uma vez que para se ter acesso a ela a pessoa tem que pagar; mas, que nada. Em verdade, o que muda nela é a disponibilidade de um número maior de canais. Consequentemente, aumenta também a quantidade de programas ruins. Raramente, os norte-americanos produzem um filme, cuja mensagem seja positiva, que traz esperança para todos. À exceção de uns poucos filmes aos quais assisti do diretor "Esteven Espielberg" acerca de ETs, os alienígenas são sempre retratados como seres bárbaros e crueis, que vêm a Terra para nos destruir e tomarem o planeta. Admitindo que os ETs existam, não creio que eles sejam tão maus assim, que para se viajar através do espaço sideral há que se ter um conhecimento científico avançadíssimo. Seres que alcançaram um estágio evolutivo tão grande, não podem ter um espírito tão primitivo. Caso contrário, seria um grande contra-senso.
Dia desses liguei o televisor. À medida que mudava de um canal para o outro, vi um título de um filme que estava sendo exibido, num determinado canal, que se chamava "Menina Má", sei eu lá mais das quantas... A película já havia começado a alguns minutos; mas pelo que entendi a tal Menina Má tinha conhecido via Internet um rapaz, com quem ela se encontrou. O sujeito era um fotógrafo profissional. Ela e ele se achavam na casa dele, sendo que este estava amarrado. Ela o acusava de pedófilo. Ele negava, enquanto ela procurava por toda a casa fotos de crianças nuas, que ela supunha que o rapaz havia tirado. Revirou todos os lugares possíveis e impossíveis à procura dos retratos e não os encontrou.
Depois de algum tempo, acabou descobrindo um cofre no chão, oculto por uma camada de pedras. Contudo, o fotógrafo recusava a lhe dizer a combinação dos números, que abriam o cofre. Por deduções lógicas, acabou descobrindo e o abriu. Tcham, tcham, tcham... E lá estava o que ela procurava. De posse da prova cabal de que ele era realmente um pedófilo, disse ser filha de um médico, que havia pegado um livro de medicina, que ensinava passo a passo o processo cirúrgico para se fazer uma castração. O rapaz se achava nu, amarrado sobre uma mesa. Aí ela pôs um saco de gelo na região a ser operada. O moço chorava, implorando que ela não fizesse aquilo. Ofereceu dinheiro e tudo mais que ela quisesse; ela, irredutível. Ele chegou a contar que aos nove anos de idade foi passar alguns dias na casa de uma tia. Ela tinha uma filhinha de seis anos, que gostava muito de ele. Sempre que iam tomar banho, ela o ensaboava todinho, ficava montada sobre ele, rindo muito. Certa vez, ou melhor, errada vez, eles foram surpreendidos pela tia. Ela acendeu o fogão, até que os bocais por onde saem as chamas ficassem quentes e fê-lo assentar num de eles.
- Acha mesmo que essa historinha lhe redime, pedófilo? Não, de jeito e maneira. Prepare-se que vou lhe capar.
Em seguida, ela telefonou chamando a Polícia, a ex-namorada do rapaz e entrou no banheiro para tomar banho. Entretanto, o rapaz conseguiu se safar das amarras que o prendiam à mesa, constatou que ela não o castrara, que tudo não passou de um blefe. Ele apanhou uma faca, foi ao banheiro. Ao vê-lo, ela correu para fora da casa, subiu no telhado. Quando ele foi ter lá também, ela apontou um revólver para ele. Havia uma corda atada em cima do telhado. Ela o mandou passar a corda no pescoço e pular para se enforcar. Nisto, a ex-namorada dele chegou. Tocou a campanhia, chamou e ninguém atendia. Ela adentrou a casa, deu com a foto dela na parede, ladeada por várias fotos das crianças que foram vítimas do ex-namorado pedófilo. Ao ouvir a sirene do carro da Polícia, o rapaz pôs a corda no pescoço... pulou! a cena seguinte, mostrava a Menina Má voltado pra casa dela, como se nada houvesse acontecido. Que maravilha de filme, não! Quem é mais doente, o pedófilo ou a paladina justiceira? Difícil definir, né?
Ao cair da noite daquele mesmo dia, fui ao quarto da Lelé. Ela assistia ao filme "Quatrocentos Contra Um". Nem vou narrar o enredo todo do filme, que ser-me-ia enfadonho, pois o recheio principal dele era o crime e a violência nos presídios. Mediante a tudo isso que escrevi, chego à conclusão que a Sétima Arte espelha a realidade do cootidiano humano. Somente quando os mansos de espírito herdarem a Terra, a violência não será mais inspiração para os ficcionistas. Daí, ao invés do cinema exibir lágrimas, exibirá sorrisos e ternura entre as pessoas.

terça-feira, 30 de novembro de 2010

PASSARINHO ME CONTOU

Não, não acredito! Será mesmo verdade que, o Homem que abria a Porta da Esperaça, que é o dono do Baú da $ felicidade, foi passado para trás... Difícil imaginar o Sr. Abravanel a nenhum, vendendo o almoço para comprar o jantar..."Passarinho me contou que iss`é conversa pra boi dormir"... Imagina! Ainda que ele tenha caído no conto do vigário, Passarinho me disse que ele continuará sorrindo e perguntando à platéia nas tardes de domingo:
- Quem qué dinheiro? Ahhhhhuuu, ahaaaiiii!
Certamente, afirma o Passarinho, ele tem muitas divisas no estrangeiro, que não estão ao alcance dos golpistas, porque ele não é bobo nem nada. Assim sendo, quiçá, depois que o todo-poderoso Sr. Abravanel partir desta vida, ele conhecerá a pobreza, descobrindo que "Lá do Outro Lado", muita vez, quem foi o maior aqui, será o menor lá. Daí, neste dia, haverá muito choro e ranger de dentes...

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

VELHARIAS

Velharias, histórias de um tempo que ficou para trás; mas que nunca me esqueço. Quando tinha uns três ou quatro anos, minha mãe me disse que eu deveria me chamar Abelardo; mas meu pai não me registrou com esse nome. Fiquei desapontado com ele, porque achava o nome Abelardo mais bonito que o meu. Além disso, tinha um tio de quem eu gostava muito que se chamava assim.
Velharias... tempos difíceis aqueles sobretudo para crianças, adolescentes e mulheres. A organização familiar nuclear ainda era totalmente regida pelo patriarcalismo. Criança e adolescente na maioria dos lares não podiam nem deviam dar opiniões, tomar parte na conversa de adultos, nem questionar as decisões paternas. Elas deveriam ser acatadas pelos filhos, senão eles teriam direito de obrigá-los a isso, fazendo uso da cinta e, em alguns casos, até mesmo do chicote. Velharias... episódios de uma época terrível, que ficaram retidos em minha memória, que não gosto nem de lembrar.
Eu, como já supra disse, adorava tio Abelardo e a Tia Camila. Eles, sempre que vinham nos visitar, tratavam meus irmãos e eu com muita amabilidade. Era, por assim dizer, uma verdadeira festa em nossa casa todas às vezes que os recebíamos. O melhor de tudo é que nunca se esqueciam de trazer doces para nós, sobrinhos. Morávamos num sítio. Excetuatuando essas raras ocasiões eu e meus irmãos não tínhamos a oportunidade de saborearmos aquelas guloseimas compradas na cidade. Ah! como eu gostava de chupar um pirolito vermelhinho que eles me davam, cujo formato era de um apito.
A julgar pela maneira carinhosa que titio Abelardo nos tratava, sempre muito calmo, conversando num tom pausado, sem nunca se exaltar, jamais imaginava que no recesso de sua família ele pudesse ser, digamos assim, um monstro para com os seus... Certa vez, vieram ao sítio nos visitar, pediram a meus pais que deixassem levar-me para passar alguns dias na companhia deles. O pedido foi concedido. A princípio fiquei feliz. Contudo, ao chegar à residência deles, eu, que não estava acostumado a ficar longe dos meus, queria porque queria tornar a casa. Mas o carinho de minhas duas belas primas, somado aos pirolitos de apito que me deram me fizeram mudar de ideia.
Juliana, a minha prima mais velha, já estava se tornando adolescente. Tinha pele sedosa e trigueira, cabelos compridos e negros, olhos grandes, lânguidos e brilhantes. Próximo ao lábio superior, uma pintinha preta, que lhe caía muito bem. Em verdade, ela deveria ser uma verdadeira tentação para os rapazes, provocado neles muitas poluções noturnas.
Pouco a pouco, fui me acostumando a conviver com eles que nem pensava mais em voltar pra casa. Titio abatia bois e os vendia para os açougues. Numa manhã, Juliana me levou ao abatedouro. Fiquei chocado quando vi titio abater um boi. Lembro-me ainda que me deram a bexiga do boi para eu brincar; mas acho que a recusei.
Numa tarde eu brincava na sala. Súbito, titio abelardo irrompeu casa adentro, trazendo Juliana de arrasto pelo braço, proferindo uma torrente de palavras de baixo-calão.
- Sua cadela sem-vergonha, eu já te disse que não quero ver você agarrada com esses pilantras safados, que andam por aí. Puta vagabunda! Pera lá que já te mostro uma coisa...
- Não, pai, não pai! Eu não faço mais isso! Ai, pai, não me bate!
De balde as súplicas dela. Ele a levou para o quarto, debaixo de cintadas, onde terminou o serviço... E que serviço! A pobre coitada ficou com as pernas, costas e nádegas cheias de vergões. Depois, ainda deitou salmoura nas feridas, o que fez minha pobre prima urinar nas pernas de tanta dor. Mediante aquela cena violenta, fiquei terrificado, querendo voltar pra casa na mesma hora, temendo que o monstro me batesse também. Velharias... monstruosidades que se cometiam apenas dentro do âmbito familiar e tudo em nome da boa educação.

HAY KAY

Bem, no seu reinado
O grã Rei não se fita...
Ou a visão, blau-blau...

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

MULHER FRUTALÍCIA

Dentre todas as mulheres,
Você é a que mais quero.
Olhe, não estou com lero-lero,
Pois sou mui sincero.

É mui bom ter-te sempre a meu lado:
Na praia, numa festa, na cama...
Vamos! m`abraça, m`inflama,
C`a sua chama...

Mulher frutalícia,
minha grã delícia,
Que me faz delirar,
Qual lobo fitando luar...

Uuuuuuuuuu!!! Uuuuuuuuuu!!! Uuuuuuuuuu!!!
É vuco, vuco, vuco...
Menina travessa,
que bole comigo!

Hoje vou te amar
Na tarde, nua
Usando somente as vestes
De tua formosura singular.

domingo, 14 de novembro de 2010

BASTIÃO CULTURAL

Tem, tem sim - tem lugares que deveriam dar apoio à cultura, mas não dão; outros,que dizem apoiá-la; mas, em verdade, querem é lucro e, nada mais. Certa vez, pedi ao coordenador da Biblioteca Vicente de Carvalho que me cedesse um espaço para que eu organizasse um recital de poesia, uma vez por mês. O sujeito me disse que não dependia somente de ele, que iria pedir altorização aos seus superiores. Se pediu, eu não sei; mas até hoje o espaço não me foi cedido. Há no Brás um bar bem legal, no qual é feito um sarau a cada 15 dias. O lugar é simples; mas mui acolhedor. Lá há espaço pra qualquer forma de expressão artística, desde que esta seja original. Por exemplo, ontem, dia 13/11/10, eu e a Lourdinha nos apresentamos no referido estabelecimento. Encenamos a primeira cena de nossa peça, A Descoberta. Foi muito gratificante. Os assistentes não eram muitos; mas conseguimos prender a atenção destes durante o tempo todo. Houve até um comentário de uma mulher, que conseguiu se identificar com a personagem Arminda, representada por Lourdinha. Ao término, fomos muito ovacionados, tal e qual se houvéssemos feito a encenação num teatro. São lugares como aquele que nos incentivam a continuar produzindo arte. Digamos assim: lá é um verdadeiro bastião da cultura, cujas portas estarão sempre escancaradas pra receber a CULTURA.

domingo, 7 de novembro de 2010

AMANHECER...

Eu e ela,
O tempo passando,
Sempr`eu e ela...
Beijos, travessuras leitais...
Sempre jungidos um ao outro.
Passam dias, vêm dias,
Semanas vão
Noss`amor permanece
Intenso, tórrido qual verão.
Meu Deus! já faz um ano que a conheci!
Ou terá sido anterior a isso?
Quiçá, em um outro ontem...
Não importa o tempo!
O que importa mesmo
É que nos reencontramos.
O que mais importa
É que,
Juntos,
numa só emoção...
Iremos continuar...
Aqui,
Ou em outro lugar...
Após o anoitecer...
Quando tudo, tudo, tudo...
Amanhecer...

quinta-feira, 29 de julho de 2010

BAILARINA BRANCA

A paz é uma borboleta branca bailarina
Que borboleteia pelos corações humanos
Batendo à porta
Pedindo pra entrar...
Entretanto, não é mês de maio
Mas as flores-de-maio desabrocham
Lindas e sorrdentes
Pelos canteiros da cidade
Ignorando que os generais
Malditos generais
Fazem planos
Conspirando contra o espetacular reinado
Da bailarina branca
Que nunca se cansa de bailar
Pelos camporvalhados da esperança
Embevecendo até os generais
Guardiões dos tesouros
Malditos tesouros
Do louco reinado do mundo burguês.
(Em homenagem à memória do saudoso Franclyn)

segunda-feira, 26 de julho de 2010

"AGLUTINADO"

Calamitosa...
Pela hora da morte...
Vida porca!
Porca miséria!
Todo mundo pagando pra ver...
Ela torceu o rabo...
A cobra está fumando...
Paliativo!
Um tento, milhares de gritos.
Mas tudo continua
fora do estádio, nas ruas
Prolongamento...
Em incontáveis domicílios,
A fome não é zero;
Deixa de lero-lero,
Que eu quero...
Prometido não é caro, meu caro!
Miragem!
É; mas não é...
Porém, prato vazio assusta!
É uma visagem sinistra
que garanto
Ninguém quer ver...
Jeito há - exorcismo nela!
Há; mas não há!
É... é o aglutinado
Que sempre abaixo vai...
Corda, ela arrebenta
Sem corte de faca
Ou de navalha...
Aí, ai do aglutinado!
Vota, que vota,
Que troca,
Que lá bota,
Aquele que só chuta de bota...
Epa!!! No meu saco, não!
Sai pra lá!
O algutinado não quer
somente arroz e feijão...
Não à marmelada!
Pois saúde
Nem pode eles comprar...
Fraudulento planos
Vendidos caros.
Não poupam nem velhinhos...
Caixão... Eles precisarão!...
Mas será
Que lhes sobrará dinheiro?
Pouca ou nem uma diferença fará.
Vivos, será um problemas de vocês!...

INDUMENTÁRIA EMOCIONAL

Quentura...
Friagem...
Surpresa!...
No leito...
Há!
Acontece...
Várias positivas...
Outras, à borda da cama...
Saldo devedor...
Ah! Não esquenta!
Buá, buá, buá...
Foi sem maldade...
Relaxa!
Desaperta a facha!
Indumentária emocional;
Desnunda...
Que tudo acontece...

terça-feira, 20 de julho de 2010

PLEBE RUDE

Quando eu ambulo
Pela rua, "fulo"
Vejo o céu cinzento
Carros trafegando
Pessoas pelas calçadas
Num incessante vaivém
Sem que ninguém
Olhe para o rosto
Daquele que passa ao lado.
Fumaça dispersa pelo ar
Pulmões agredidos
Visão embaçada...
Ah! que vida malagueta!
Ali, um saído do bar
A cercar frangos...
Etilizado, ignorado pelos demais;
Não é mais um homem -
É um pau-d`água!...
Acolá, em forma de cão
A fome a virar latas...
Seu dono, tão fomélico quanto a ele
É um mendigo,
Miserável apenas na aparência
Que divide com o animal
As sobras que encontra no lixo.
E, eu, vendo sem ver
Aceito sem aceitar
Normalidade da anormalidade
Que se tornou normal
Regra suprema de uma sociedade
Na qual tudo, tudo, tudo
Transforma-se em lucro para os "maiorais"
Em detrimento da "insignificante plebe rude".

"AGLUTINADO"
Calamitosa...
Pela hora da morte...
Vida porca!
Porca miséria!
Todo mundo pagando pra ver...
Ela torceu o rabo...
A cobra está fumando...
Paliativo!
Um tento, milhões de gritos...
Mas tudo continua
Fora do estádio, nas ruas;
Prolongamento...
Em incontáveis domicílios.
A fome não é zero;
Deixa de lero-lero,
Que eu quero...
Prometido não é caro, meu caro!...
Miragem!É, mas não é...
Porém, prato vazio assusta!
É uma visagem sinistra
Que garanto
Ninguém quer ver...
Jeito há - exorcismo nela!
Há; mas não há!
Ai, minha canela!
É... é sempre o aglutinado,
Que abaixo vai...
Corda, arrebenta
Sem corte de faca ou de navalha...
Aí, ai do aglutinado!
Vota, que vota
Que troca,
Que lá bota
Aquele que só chuta de bota...
No meu saco, não!
Sai pra lá!
O aglutinado não quer
Somente arroz e feijão.
Não à marmelada!...
Pois saúde
Nem pode ele comprar...
Fraudulentos planos
Vendidos caros.
Não poupam nem velhinhos...
Caixão! - eles precisarão!...
Mas será
Que lhes sobrará dinheiro?
Pouca ou nenhuma diferença fará...
Vivos, será um prolemas de vocês...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O ANJO CHAUVINISTA

Ontem à noite, 10/07/10, fui ao Sarau da Amizade. Deveria ser mais ou menbos 19h10min quando eu subia à escdaria de uma passarela.O lugar estava ermo.
- Iupiiii!!! - ouvi de súbito alguém gritar. - Roubei esse celular de um peruano, agora mesmo! Ele não é lindo?
O indivíduo prosseguiu a meu lado, conversando comigo como se já nos conhecêssemos havia muito tempo. Disse-me que não roubava pessoas iguais a mim, que estava voltando do trabalho, que só fazia isso com os peruanos, porque, a despeito de eles também serem trabalhadores, eles não são brasileiros. Fiquei pasmo mediante o dicurso chauvinista do larápio, que não conseguia ver num estrangeiro um ser humano digno de respeito.
- Só tem ladrão! - fez outro sujeito, que topamos quando estávamos chegando ao final da passarela.
Como uma fera que espreita uma desprotegida presa, preparando o bote para atacá-la, o malaco olhou para mim.
- Esse aí tá comigo! Não mexe com ele não!
O outro nada retrucou, prosseguiu.
- Não é o que digo! Aquele lá não é igual eu não - rouba trabalhador. Se não sou eu... Ele já estava querendo li roubá!
Naquele instante lembrei-me de um texto que redigi, que narra a estória de um homem, que tem muita fé no seu anjo da guarda. Mesmo quando lhe acontecia algo que à primeira vista parecia ser ruim, depois ele concluía que tal tinha sido uma ação de seu anjo da guarda, com o intuito de protegê-lo. Inclusive, a personagem passa por uma situação semelhante àquela que vivi ontem. É... "Deus escreve mesmo certo por linha tortas"... De um modo ou de outro, aquele rapaz foi meu anjo da guarda naquele instante.
- Vai com Deus! - disse ele ao nos despedirmos.
Que bom... - pensei. - Ainda há esperanças para ele, que ele crê no Supremo.


PLEBE RUDE
Quando ambulo
Pela rua, fulo
Vejo o céu cinzento
Carros trafegando
Pessoas pelas calçadas
Num incessante vaivém
Sem que ninguém
Olhe para o rosto
Daquele que passa ao lado.
Fumaça dispersa pelo ar
Pulmões agredidos
Visão embaçada...
Ah! vida malagueta!...
Ali, um saído do bar
A cercar frangos...
Etilizado, ignorado pelos demais;
NÃo é mais um homem -
É um pau-d`água!...
Acolá, em forma de cão
A fome a virar latas...
Seu dono, tão famélico quanto a ele
É um mendigo,
Miserável apenas na aparência,
Que divide com o animal
As sobras que encontra no lixo.
E, eu, vendo sem ver;
Aceito sem aceitar -
Normalidade da anormalidade
Que se tornou normal...
Regra suprema de uma sociedade
Na qual tudo, tudo, tudo
Transforma-se em lucro para os maiorais
Em detrimento da insignificante plebe rude.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

A VIDA CONITNUA

É... para muita gente deve ter sido muito cruciante a Seleção Brasileira perder para Holanda. Contudo, como disse muito bem o goleiro brasileiro: a vida continua, foi somente um jogo, pessoal!
A bem da verdade, nos tempos dos Anos de Chumbo, vencer uma Copa era quase que uma questão de vida ou de morte. Os governantes, que não eram politicamente corrretos, ao invés de solucionar os problemas da nação, exaltavam o patriotismo ao máximo que podiam, fizeram do futebol uma disputa representativa da soberania nacional, para mascarar a realidade. Assim sendo, só havia uma maneira do brasileiro suportar o descalabro da situação política, social e econômica naquele tempo - vencer a Copa do Mundo, que era como se disséssemos aos outros povos - nós não temos democracia, justiça social nem o desenvolvimento tecnológico dos países de primeiro mundo; mas, e daí?! Ainda assim somos felizes, que somos brasileiros, os melhores do mundo no futebol! É muito triste isso, não? A nação se comportava que nem uma criança que via algo que lhe desagradava; mas não tinha maturidade suficiente para enfrentar o problema. Daí, para não continuar vendo a criança chorando, os pais lhe davam um brinquedo, a fim de distrair-lhe a atenção...
"Como dizia Nelson Rodrigues dentre as coisas sem importância, quem sabe, o futebol seja a mais importante de elas". Felizmente, creio que, atualmente, o povo brasileiro já tem maturidade o bastante para entender que o futebol é apenas um esporte, destituído de toda aquela pseudo-importância que se dava a ele.

HAYS KAYS E A MULHER IDEAL

Manhã, um jardim
Orquestra nas árvores
Em cant`aouvido...


N`horizonte
Da praia no poente
Solmatiz`ondas...

Quand`o riso é
Real, el`é audível
No brilho do olhar...

A primavera
Dá à luz a poesia
Concreta em flor...



A mulher ideal pra mim é um ser
Simples, que não há que ser perfeito,
Que a pefeição é quimera
Pela qual muita gente espera
Atingir sem se dar conta
Que, muita vez, ela se encontra
Nas pequenas coisas...
Nas pequenas ações...
Que nos redime aos OLHOS DE DEUS,
Que é o pai da sapiência
E de toda Perfeição,
Que creou o gênero feminino
Perfeitamente contrário ao masculino;
Mas que, ainda assim, um complementa o outro.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

DIVERSIFICAÇÃO

Vida! a vida!
Inspira pra inalar
Do ar a vida...

Obrigado! obrigado! MEU Deus!
Por ela ser
Ser tudo o que é
Sem tirar nem pôr...

Seu coração não é de isopor
É humano, pequeno
Mas cabe nele sentimentos enormes
Como a própria amplitude da imensidão...


Obrigado! obrigado! meu DEUS!
Por ela ser imperfeita
Como vós a fizestes
E não perfeita como eu queria...

Pois o que me parece imperfeição
Muita vez, é relfexo de meu egoísmo
Porque perfeição do SENHOR
Está na diversificação.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

BIG BANG

No último sábado, 26/06/10, estive em uma comemoração de aniversário. O aniversariante, cuja mulher está gravida há aproximadamente 3 meses, todo feliz da vida, fez um discurso muito sui generis - demonstrou, por meio de uma gravação do exame de ultra-som, o som dos batimentos cardíacos de seu filho (a) no ventre materno.
É, o milagre da vida é mesmo emocionante. Ele lá, atento e extasiado, ouvindo aquelas sucessões de "bigs bangs", acho que deveria estar se sentindo um pouco também Deus...
Como a felicidade é contagiosa, também fiquei muito feliz por saber que aquela criança, que ainda nem nasceu, já está sendo amada e aguardada com muito carinho. Até mesmo porque enquanto houver criança sendo maltratada, passando fome, sem que alguém lhe ofereça menor perspectiva de vida, a sociedade humana não evoluirá e o mundo continuará cheio de violência e atrocidades. Pois todo ser humano violento, um dia também sofreu Violência, porque ao invés de ensinar-lhe a amar, ensinaram-lhe a odiar.


O amor, o amor, ó amor!?
Muita vez, faz de mim bufão...
E até rir sentindo dor...
Mas, de lh`amar, não abro mão!

A imagem é
Uma representação
Qu`escond`o real...

quinta-feira, 24 de junho de 2010

BOLINHAS DE SABÃO

Não, não quero
Não quero brigar
Com a vida,
Com as pessoas...
Quero a paz
A paz de uma criança
Que brinca
Fazendo bolinhas de sabão.
Quero ver toda a beleza
Que essa criança vê...
Tão, tão fugaz
Mas, quando uma bolinha se vai
Logo a criança produz outra.
Felicidade é algo qual bolinha de sabão
Que não dura uma eternidade...
Porém, poderá ser reproduzida
Ao longo da vida de qualquer pessoa.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

EXCLUSÃO

Ontem -14/06/10 - vi algo que me fez recordar de Charles Chaplin. Sua inesquecível personagem Carlitos, retrato fiel do ser humano excluído da sociedade, quiçá, fora criada por ele antes para nos fazer refletir que propriamente para rir. Provavelmente, tivesse ele o sonho de que a humanidade se tornasse menos egoísta, repartisse melhor o acúmulo de riqueza oriundo da exploração da mão-de-obra do trabalhador.
Assim sendo, nunca mais ninguém veria os muitos Carlitos,que perambulam pelas metrópoles do mundo, sendo humilhados e maltratados por pessoas, que nem parecem que foram feitas à imagem e à semelhança do Supremo-Creador.
No entanto, é muito triste constatar; mas ainda há pessoas excluídas da sociedade. Hoje, mais do que nunca, não basta ser um ser humano para ser respeitado - é necessário ter dinheiro para que sejamos vistos como pessoa. Caso contrário, bares, lanchonetes, restaurantes e todos os demais tipos de comércio, expulsarão o sujeito de suas respectivas dependências. Se por um acaso alguma boa-alma se prontificar a pagar um lanche para o infortunado miserável, ele ainda ouvirá:
- Então, espere lá fora!
Perdoai-os, PAI! Eles não sabem que TEU FILHO jaz em cada um desses exlcuídos e, que, deles serão as muitas mordas, que o PAI-SUPREMO lhes reserva no REINO DOS CÉUS.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

CONVERSA DE ADULTO

Eu nasci em uma época em que, como no dizer de Cora Coralina, criança não valia mesmo nada, ou quase isso... "Por dá cá aquela palha, ralhos e beliscões, quando não, uma boa tuda de cinta, que deixava mossas espalhadas pelo corpo inteiro". Havia a chatíssima conversa-de-adulto. a qual crianças não podiam em hipótese nem uma participar, sendo que, muita vez, elas estavam proibidas até mesmo de ouví-las.
Caso um garoto pulasse de "pára-quedas numa conversa, quando os pais dialogavam com outros adultos, apanhava defronte das visitas. Era um horro! Criança não podia ter vontade... Não podia ter querer... Na maioria dos lares, imperava aquela ramerrônica e hipócrita máxima tão em voga e posta em prática naqueles tempos em nome dos bons costumes, da moral e da ética - "Faça o que eu mando; mas não faça o que eu faço".

Pois bem, o mundo deu muitas voltas desde o tempo em que eu fui criança. Aconteceram muitas mudanças. Algumas, boas; outras, nem tanto. Hoje em dia, criança já não é tão recalcada mais pelos pais e educadores. Muitos genitores dialogam com os filhos, aceitam suas opiniões e até mesmo sujestões. Contudo, presenciei uma cena ontem à noite no coletivo, que me fez retroceder aos tempos de minha malfadada infância. Havia um garoto de aproximadamente 8 ou 9 anos, em companhia do pai dele. Eles iam descer no próximo ponto. O pai ergueu-se do acento, que era o anterior ao que fica perto da porta de desembarque:

- Venha, filho!

O menino levantou-se. Ele segurou nos ferros de ambos os extremos do corredor, ergueu os pés e apoiou-os nos planos elevados do assoalho, onde são fixados os bancos.

- Pára com isso, menino! Voce vai cair! - disse o pai, rispidamente.

O garoto obedeceu. Ele estava vestido com uma blusa, que tinha um capuz. O pai cobriu-lhe a cabeça com o capuz. O filho o tirou. O genitor novamente o recolocou à cabeçaz do pequerrucho:

-Não tira o capuz!

- Por quê, pai?

- Porque eu estou mandando!

***

domingo, 30 de maio de 2010

MUNDO CAÓTICO

É... acontece tanta coisa na vida... Algumas, boas; outras, nem tanto. Vivemos num mundo caótico, cheio de desamor e esperança. Deve ser muito triste quando alguém perde a fé por inteira no ser humano, no seu próximo e em Deus. Atos extremos qual o praticado por aquele homem, faz-nos pensar muito. Sim, porque o que ele fez muita gente já pensou em fazer também. Muitos não tiveram coragem de realizar tal intento, desistiram na última hora. Outros persistiram; mas não tiveram êxito, pagaram ou pagam ainda por sua resolução impensada...
O fato é que todos os que fazem ou tentam fazer o que aquele conhecido meu fez tem algo em comum – falta de confiança em Deus, em si mesmo e no próximo. Certamente, se ele tivesse o mínimo de confiança em alguém teria aberto seu coração, contado a esse alguém o que o martirizava tanto, não teria agido como agiu. Quem o conheceu, jamais diria ou pensaria que aquele pacato homem iria cometer suicídio. Sua situação financeira, aparentemente, não era das piores, uma vez que o principal ele tinha – um teto para morar. Era casado. Deixou um filho de aproximadamente 19 anos. Trabalhou durante alguns anos numa empresa. Ao sair da empresa, montou uma lojinha de rações para animais. O negócio parece que ia bem; mas não sei por que cargas-d`águas resolveu vender a lojinha. Pelo que sei ganhava seu sustento, ultimamente, trabalhando de cambista do jogo do bicho. É sabido que seu filho deu-lhe inúmeras dores de cabeça, pois é dependente químico. No início de sua vida conjugal, tinha vários desentendimentos com a mulher, porque vivia freqüentando bares e bebia, constantemente. Isso, porém, a despeito das ameaças da mulher de que iria abandoná-lo, assim ela não o fez. Mas será que ela esteve presente de corpo e alma na vida do marido, durante todos os anos em que conviveu com ele? Não sei! Só sei que é muito triste saber que uma pessoa tendo a sua volta milhões de outros seres humanos iguais a ele, ainda assim se sinta tão solitária a ponto de se isolar dentro de si mesma e não ver mais nem uma solução para seus dilemas, que não seja apagar a própria chama da vela de seu existir. Que Deus tenha compaixão de sua alma e a terra lhe seja leve.

terça-feira, 25 de maio de 2010

sonho

SONHO

Sonho: a vossa mão tomo

Mesmo sem ser super-homem

Levito convosco em meus braços.

Divisamos o azul da orbe terrestre

Toda beleza dos mares, rios e florestas.

Subimos, subimos e subimos

Chegamos à casa onde moram as estrelas.

Colho uma de elas para enfeitar-vos os cabelos.

A Lua, reverente, doa-vos brilhos

Que realçam o briho de vosso olhar.

A vos olhar, a vos olhar

Ponho-me a admirar, e vós:

- O que foi?

Não foi, que para nós sempre haverá de ser...

Sonho, sonho lindo

Que nunca me canso de sonhar.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

ER`UMA VEZ

ER`UMA VEZ

Er`uma vez,

Num final de tarde de domingo,

Ela encontrou-se co`ele pra passear.

Riram, conversaram,

Abraçaram, beijaram-se,

Discutiram e s`entenderam...

E o mundo pra ele,

Era só ela, ele,

Ela, ele, mais ninguém,

Retorno ao Paraíso perdido...

Arrebatamento? Devaneio? Loucura? Sedução?

Sentaram lado a lado

Enquanto a trupe atua,

Sem pôr panos-quentes,

A encostar o dedo nas feridas

Dos cancros sociais...

Vôos a alturas incalculáveis...

Mas... o domingo passou,

A segunda-feira chegou,

Ela por lá, ele por aqui...

Os ponteiros dos relógios continuam

Fazendo ininterruptos tic-tacs

Arrastando o tempo pra frente...

Mas tudo permanecerá bem vivo

No fugaz e mutante aqui-e-agora

Da memória daquele casal

Que se curtiu e aproveitou

Aquele final de domingo pra estar junto.

PSEUDO-ARTE

Há alguns dias croniquei um acontcimento inusitado, que presenciei defronte de um bar, quando um sujeito de modos abrutalhados ameaçou um inocente e velho cão, com um revólver. Por essa e outras más ações praticadas por pessoas incivilizadas, tem hora que chego a crer que não existe mais um único ser humano capaz de praticar boas ações nesta rude e glacial floresta de concreto, que é esta metrópole. Mas, felizmente, há sim. Já vi muitas pessoas que se dizem defensoras da narureza, fazendo pseudocríticas contra a degradação do meio-ambiente, falando que estão fazendo arte, simplesmente porque sabem que hoje em dia está muito em voga a discussão em torno do desenvolvimento-sustentśvel, que isso rende dinheiro. É muito fácil criticar. Difícil é agir, fazer algo de concreto em prol da natureza, sem nem um interesse financeiro.
Dia desses, estava eu no Parque Raul Seixas, aportando quatro livros, que tomei de empréstimo na Bilblioteca Vicente de Carvalho. Asentei-me a um banco. Encontrava-me tão interessado em folhear os livros, que nemn me dei conta do monte de lixo espalhado pelo gramado.Aí, chegou um rapaz, abaixou e apanhou as muitas embalagens de salgadinhos e de garrafinhas pets.
- Vou por no lixo! - explicou. - O pessoal não tem educação, joga tudo no chão!
Fiquei extático mediante aquele educado rapaz. Dei-lhe os parabéns pela sua civilizada atitude, pois, ele sim, deu-me uma verdadeira lição de amor ao meio-ambiente, com um gesto tão simples e despretensioso, que qualquer pessoa, por mais simples que seja, poderá praticar, muito diferente dos muitos discursos retóricos, que falsos artistas alardeiam por aí, sem nunca fazer nada de concreto pela naureza, pois o interesse de seus bolsos vem em primeiro lugar.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

CICLICAMENTE

Ciclicamente, caio ao solo...
Mas sempre me levanto...
O SENHOR é meu estímulo
Minha proteção e meu amparo.
Infunde-me força, obstinação e determinação
Para que a roda de minha existência
Nunca pare de circular rumo à SUA LUZ...
Que é a plena verdade
Fonte imanente de amor,
Que nunca pára de jorrar.
Oh! SENHOR! me reconduz
Sempre que eu sair
Da estreita via, que a TI leva.
Transforme todas a treva
Em brilhante luminosidade
Para que eu sempre VOS enxergue
Nitidamente, diante do altar
De minha eterna devoção.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

CONFIDÊNCIA, SEGUNDO MOMENTO

Rasguei-me as entranhas
Abri a usina pulsante
Onde residem meus mais íntimos sentimentos...
Sai!!! Vai embora de meu âmago!!!...
Sentimentos que não foram
Nem tampouco serão correspondidos!
De meus olhos podem até manar
Materializada em lágrimas toda a amargura
Da desiluzão de não tê-la conquistado, mulher!
No entanto, feliz serei, que de vós me desiludi.
Quiçá, mui em breve novamente sorrirei...
Serás apenas um bela quimera onírica
Que um dia um poeta sonhou;
Mas, infelizmente, o sonho não se concretizou.

CONFIDENCIA, PRIMEIRO MOMENTO

Amor, quando oprime por não ser correspondido
Aperta-nos o peito,tira liberdade...
Faz tudo, tudo tristeza a nos sufocar
Como se sentíssemos falta de ar
Com medo de perder
Aquilo... aquilo que nunca tivemos...:-
A pessoa que amamos
Para nos aquiecer com seu amor.

terça-feira, 11 de maio de 2010

"VACUIDADE"

ELE, somente ELE;
É o TUDO e o NADA...
A LUZ e a TREVA...
A VIA e a NÃO-VIA...
O REAL e o IRREAL...
O PALPÁVEL e o NÃO-PALPÁVEL...
O VISÍVEL e o INVISÍVEL...
O LÓGICO e o ILÓGICO...
O QUE PARECE QUE É;
MAS NÃO É...
No entanto, sempre será
Eterna vacuidade
Na qual cabe tud`isso
E tudo o mais que imaginarmos
Porque TAL VACUIDADE
Chama-se DEUS,
princípio de todas as coisas e formas.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O INTEMPESTIVO TROGLODITA REJEITADO

Eu nunca havia passado por nem uma situação semelhante à que passei naquela noite de sábado. Encontrava-me num moto-clube, em companhia de minha namorada. O moto-clube, como se diz, estava bombando. Havia gente saindo até pelos ladrões. No palco uma banda interpretava os clássicos do Rock. Diga-se de passagem, até que cantavam bem. Num dado momento,ela acendeu um cigarro. A fumaça incomodou-me, fazendo-me tossir. Aí, ela me disse que iria fumar a distância de mim, para que a fumaça não continuasse a me irritar as mucosas nasais. Levantou-se, saiu caminhando rumo ao palco, onde havia várias pessoas agitando o som. Segui-a. Ela nem se deu conta de que eu a acompanhava. Próximo ao palco, se encontrava um sujeito velhusco, cabelos brancos, barba comprida, igualmente branca. Ele estava caracterizado à maneira dos sócios de moto-clubes. O indivíduo aproximou-se de minha namorada, trocou uma ou duas palavras com ela, puxou-a e beijou-a nos lábios. Ela, atônita com aquela atitude inesperada do troglodita pretendente, empurrou-o.
- Eu estou com meu namorado! - fez ela.
Ele olhou para mim, fez que não havia acontecido nada, saiu. Ela, se vendo numa tremenda saia-justa, desculpou-se dizendo que jamais teria a intenção de me magoar. Eu, completamente aturdido, nem soube o que dizer a ela. Saímos das dependências do moto-clube. Ela não parava de me pedir desculpa, de modo que acabei sentindo um tremendo dó dela. Bem, o que você faria em meu lugar? Daria uns bons sopapos no sujeito? Olha, quanto a você não sei; mas eu concluí que ele é um intempestivo trogodita rejeitado, carente pra chuchu, que não vale à pena fazer qualquer coisa contra ele. Ele é mais digno de pena, que de ódio, pois não sabe nem conversar com uma mulher, aproximar-se dela e conquistá-la. Quiçá, pensa ele que vive ainda nos Tempos da Cavernas, nos quais o homem conquistava uma mulher, dando-lhe uma clavada na cabeça; depois a puxava pelos cabelos para a caverna e aí consumava a união.

segunda-feira, 22 de março de 2010

CABEÇA-DE-BRAGRE

Vi uma cena hilária, para não dizer, estúpida... O sujeito tinha aparência troglodita. Chegou à porta de um bar. Havia um cachorro velho deitado à entrada do estabelecimento. Este levantou-se, ficou ladrando para o sujeito. O indivíduo, de modos abrutalhados, tem corpo semelhante a um guarda-roupa. Certamente, o velho cão estava ladrando apenas para dizer a ele, que naquele território, por mais difícil que seja de alguém acreditar, ele ainda tomava conta dele. Dificilmente ele o morderia, uma vez que este tem dificuldade até para comer um pãozinho. Assim sendo, certamente, não correria risco de atacar aquele enorme guarda-roupa ambulante e acabar levando a pior.
O sujeito, porém, que deve ser um tremendo dum bunda-mole daqueles que só tem tamanho e sem-vergonhice, pegou um cone, que é usado para delimitar o lugar permitido para que os motoristas estacionem os automóveis,ameaçou bater no cão com ele. O dono do estabelecimento raiou com o cachorro, este permitiu que o troglodita adentrasse o bar. Após beber, acho que um rabo-de-galo, saiu.
O cão novamente pegou a ladrar, numa falsa atitude de que iria atacá-lo. Sabem o que o indivíduo fez? Pasmem! Sacou de um revólver, apontou para o cão. fiquei sem entender quem era menos racional, se o cão ou aquele troglodita. Sim, porque ameaçar uma pessoa com um revólver é uma coisa, visto que tal tem consciência do perigo que a arma representa. Mas ameaçar um animal? Que absurdo! Só posso concluir disso uma coisa - tal sujeito deve ter merda na cabeça ao invés de cérebro; porque não passa de um cabeça-de-bagre.

sexta-feira, 19 de março de 2010

O APITO SALVADOR

Nasci numa época em que tudo inspirava o fantástico - telenovela, Saramandaia, tele-seriados,Capitão Márvel, e as conversas em volta da fogueira, que quase sempre eram de lendas urbanas, como, por exemplo, A Loura do Banheiro.
Eu tinha oito anos, filha única, bajuda e paparicada pelos meus pais e, principalmente, pelos meus avós. Minha imaginação, bem-adubada por todas aquelas estórias que ouvia,era mui fértil.
Certa noite, ispirada pela estória da Loura do Banheiro, decidi dar um tremendo susto em minha mãe. Sorrateiramente, adentrei a cozinha, apanhei no armário uma caixa de maizena. Eu havia vestido uma camisola branca, maquiado uma mancha preta em torno dos olhos. Com um batom vermelho, tinha traçado alguns riscos, que desciam pelos meus lábios, dando a impressão que minha boca e o nariz sangravam. Depois coloquei na boca presas de vampiro, daquelas em forma de prótese. Para completar o fantasmagórico figurino, joguei maizena no rosto, fui para o banheiro.
Assim que mamãe entrou para tomar banho, abriu a divisória, deu de cara comigo. Emiti um pavoroso gemido, semelhante ao das almas-penadas. Ela arregalou os olhos, recuou dando um grito estridente de pavor, que senti até dor nos ouvidos.
- Ahhhhhhhhhhhh... Eu vou te pegar! Ahhhhhhhhhhhhhh...
- Cruz-credo! Valha! meu Deus! Que coisa horrorosa! - fez ela saindo às carreiras do banheiro.
Vez por outra, devido às minhas peraltices, mamãe me dava algumas palmadas. Eu ia chorar as pitangas para meu avô. Ele havia me dando um apito e me dissera que em caso de minha mãe querer me bater, era só eu apitar que ele viria me proteger.
Naquele dia, passado o susto, quando mamãe se dera conta de que o fantasmagórico vampiro era eu, em carne e osso, resolveu me dar um corretivo. Ela sai atrás de mim, num pega-não-pega dos diabos. Desesperada, lembrei-me do apito. À medida que corria, apitei várias vezes, na esperança que vovô viesse me socorrer. E vocês pensam que o velho veio? Que nada!
Minutos depois, ainda sentindo o bumbum ardendo devido às palmadas que levei, fui ter à casa dele. Encontrei-o bem folgado, estirado numa rede:
- Vovô, por acaso o senhor é surdo?
- Não, querida! Por quê?
- Ora, pois está parecendo que o senhor é surdo sim! Será possível que o senhor não me ouviu apitando, correndo desesperada pra me livrar da mamãe, e o senhor aqui deitado nesta rede dormindo sossegado. Faça-me o favor, né, vovô! Quer saber de uma coisa? Estou de mal com o senhor! - repliquei fazendo um muxoxo.
- Quiá, quiá, quiá, quiá! Não fica zangadinha, não, meu bem! Diga-me quem é a menina mais bonita deste bairro?
Eu me fiz de mouca, nada respondi!
- Ah! não quer dizer! Já sei... É uma menina que mora lá longe, perto do supermecado!
- Não é não, Seu bobo! Sou eu a menina mais bonita deste bairro! - repliquei cheia de empáfia.
Daí, vovô me abraçou, me beijou e a dor de meu bumbum passou e eu já estava pronta para outra...

terça-feira, 9 de março de 2010

PORRE

Existem pessoas que se julgam um dicionário ambulante, que conhecem todas as regras gramaticais, que jamais cometerão um deslize gramatical, tão comum no dia-a-dia dos simples seres humanos mortais. É um porre conviver com pessoas assim, que basta alguém dizer algo fora dos padrões da meta linguística da língua portuguesa que tal já pergunta num tom professoral:
- Que quê foi mesmo que você disse? Não se diz assim; mas assado e bla, bla, bla, bla...
Eu mesmo tenho um amigo assim. Ele tem horas que... enche... Certa feita, estávamos em um bar que ele tinha, chamado Bebê Cultura. Um dos circunstantes saudou uma mulher recem-chegada, dizendo que a havia visto em uma feijoada. Pronto! Não faltou mais nada para o camarada armar o circo:
- Então você viu ela na feijoada? Que parte que ela era - os pés, o rabo, ou a carne-seca? Quiá, quiá, quiá, quiá?
Até hoje ele continua achando que o sujeito cometeu um erro imperdoável, ao dizer que havia visto a mulher na feijoada. Eu, particularmente, não acho, porque entendi perfeitamente o que ele quis dizer. Mas fazer o quê, né? Tem pessoa que só entende o que quer entender...
De uma outra vez, eu me encontrava com aquele mesmo amigo dono do extinto Bebê Cultura. Mostrei a ele um livro de minha autoria, Se Você Sofre... Meus Parabéns! Ele começou a ler um dos contos do livro. Então ele se deparou com uma frase que dizia que a personagem tinha a nítida impressão que...
- Nítida impressão? - fez ele.
- Sim! - disse eu.
- Pois está errado, que o jeito certo de escrever é nítida imprenssão!
E o pior é que naquela hora cheguei a pensar que ele tinha razão. Depois, porém, consultei o dicionário e só então percebi que o "dicionário ambulante" registrava equivocadamente a maneira certa de grafar a plavra impressão.
A meu ver é raro quem não comete erros de gramática, uma vez que a língua portuguesa é muito complexa. Acho até uma besteira essa implicância que alguns têm com as pessoas mais simples, que não conseguem se expressar de acordo com as regras da língua padrão. Até mesmo porque quando alguém diz alguma coisa, normalmente atinamos o sentido do que este alguém quis dizer, independente dos erros de concordância verbal, nominal, numeral ou pronominal.
Agora o que me é difícil admitir são os erros contidos nos anúncios direcionados ao público, que muitas vezes são oriundos de importantes companhias, qual ao da CPTM (Companhia de Trens Metropolitanos) em razão dos transtornos causados por uma obra:
Desculpe o transtono!
Depois, não querem que o povo se expresse errado. Poupe-me o transtorno.

terça-feira, 2 de março de 2010

A TRAPAÇA

Este esquete deixo disponível a qualquer grupo teatral que estiver disposto a encená-lo. Para tanto, basta entrar em contato comigo pelo e-mail zedocafundo@bol.com.br ou pelo telefone 25243327.
Personagens: Vovó Vida, Senhora, Duas Almas, Vovô Nenê, Feirante.

(Vovó Vida está deitada dormindo. Senhora vem ter com ela).
Senhora - Vovó Vida, acorda, porque vim te buscar!
(Vovó Vida acorda, estremunhada e assustada).
Vovó Vida - Não, você?! Vai embora, que não quero nem li ver!
Senhora - Eu, ir embora? Nem morta, que quem irá morta será você, que chegou sua hora... Quiá, quiá, quiá, quiá!!!
Vovó Vida - Clemência, Senhora, eu não quero ir... Não quero! (faz ela num tom de voz suplicante e obstinado).
Senhora - Como não quer ir? Mas é preciso! Você terá que vir, quer queira sim, quer queira não e pronto! (replica a senhora, autoritariamente).
Vovó Vida - Não é à toa que meus pais me dertam o nome de Vida, que gosto tanto de viver...
Senhora - E eu não sei disso? Mas o fato é que estou pouco me lichando, porque você não poderá ficar pra semente. Terá que vir comigo e pronto!
Vovó Vida - Não... não podemos fazer um trato, Senhora? (Balbucia ela).
Senhora - Trato, que tratro?
Vovó Vida - Três dias é o tempo que lhe peço pra que eu possa satisfazer a vontade de comer algo que nunca comi; mas, que morro de vontade, ops, quer dizer, vivo cheia de vontade de comer e nunca pude.
Senhora - Mas não me diga, vovó! Neste caso a coisa munda completamente de figura... Eu jamais levaria você sabendo que seu último desejo não foi realizado. O que quê você deseja comer, Vovó?
Vovó Vida - Caviar!
Senhora - Caviar, uauuu!!! Que coisa mais chique, Vovó! Você não é fraca não, hem? Pra lhe dizer a verdade até eu tenho essa vontade; mas sabe como é, né? Com esse salariozinho mixuruco que ganho, não dá mesmo pra comprar, que ele está custando o olho-da-cara, né?
Vovó Vida - Eu que o diga! Acredito na Senhora! Mas e então, estamos combinadas?
Senhora - Sim! Estamos!
Vovó Vida - Ah... Antes de que me esqueça eu quero ressaltar uma cláusula importante de nosso contrato. A Senhora só poderá me levar durante a noite, quando eu estiver dormindo, exatamente daqui a três noites. Caso a Senhora passe do prazo, terá que adiar minha ida para lá, tá legal?
Senhora - Mas por que essa exigência agora?
Vovó Vida - Porque tenho pavor de partir com a Senhora. Só de pensar até me borro toda!
Senhora - Tá explicado! Por isso que desde que cheguei aqui tô sentindo um fedorzinho desagradável. Tudo bem... Farei como você pede, vovó borradeira. Techauzinho!
Vovó Vida - Techau!(Sorrindo, fazendo, em seguida, pelas costas da Senhora, uma careta, mostrando-lhe a língua e dando-lhe uma banana).
(Vovó Vida se apronta, pega o carrinho de feira, vai à feira).
Feirante - Óia as bananas, as mangas e os pêssegos, freguesa!
Vovó Vida - Quanto que é a dúzia de bananas, meu filho?
Feirante - Pra senhora, que é uma freguesa loira, bonita e simpática, "dois real e cinquenta"!
Vovó Vida - Putis grilo! Tud`isso! Sou loira bonita, né? Mas não sou burra não, meu filho! Mete a faca; mas mete devagar, tá bom? Deixa-me ver se essas bananas são boas mesmo.
( Ela pega uma banana e a come, joga a casca no chão. A Senhora chega por trás dela, bate a mão no seu ombro, trazendo consigo duas almas amarradas).
Senhora- E aí, Vovó! Que quê você tá fazendo aqui na feira?
Vovó Vida - Vim fazer umas comprinhas básicas!
Senhora - Mas pra que quê você tá fazendo compras se depois de amanhã eu vou te levar?
Vovó Vida - Ora bolas! Sei lá! Mi deu vontade, pô!
Senhora - A única coisa que você precisa comprar é caivar, mas pelo que sei aqui não vende!
Vovó Vida - Não quero ser descortês contigo; mas vou te dizer uma coisa - você é chata pra caramba, hem? Vê se me erra e venha me procurar somente daqui a duas noites. (faz ela, empurrando a Senhora, mandando-a embora. As duas almas fazem sinal de positivo , dando o maior apoio à Vovó Vida. A Senhora sai furiosa, pisa a casca de banana e cai. As almas caem na gargalhada, zombando da Senhora).
Senhora - Que merda! Tá cada vez mais difícil exercer esse meu ofício. Ninquém mais me respeita. E vocês, por que estão rindo? Não sou palhaça não! (Ela, meio que aparvalhada, tropeça e cai novamente, provocando novas gargalhadas e saem de cena. Vovó Vida também sai de cena, entra o marido dela).
Vovô Nenê - Ah! que preguiça! Véia, ô minha véia! Cadê você?
Vovó Vida - Tô aqui, meu véio! Que quê você quer? (Faz ela entrando em cena)
Vovô Nenê - Que você ligue a televisão pra mim!
Vovó Vida - Nenê, Nenê! Você tá muito preguiçosinho! Você tem que se mexer, que assim não dá, meu véio.
(Vovô Nenê começa a palapar o corpo).
Vovó Vida - Que quê você tá fazendo?
Vovô Nenê - Ué, você não mandou que eu me mexesse, pois então eu tô me mexendo.
Vovò Vida - Tolinho! Só você mesmo...To falando de sair, curtir a vida...
(Ela aproxima-se de Vovô Nenê, dá-lhe um beijo e acaricia-lhe os cabelos).
Vovó Vida - Você se lembra quando nós nos conhecemos? Era tão bom... Você me levava aos bailes todos os finais de semana, a gente dançava uma música após a outra.
Vovô Nenê - Sim, minha véia, mas naquele tempo eu não tinha essa artrose dos diabos que tá quase me matan`.
Vovó Vida - Psssssiu! (Exclama ela, pondo a mão na boca de Vovô Nenê). Não fala nela, que`ela pode escutar e vir me amolar...
Vovô Nenê - Nela quem, minha véia?
(A Senhora entra em cena, aproxima-se de Vovó Vida, puxando duas almas, que estão amarradas com uma corda).
Vovó Vida - Xiiii! Não li falei! É daquela péla-saco que eu tava falando! (Diz ela sussurando, apontando o dedo para a Senhora).
Vovô Nenê - Ela quem, que não tô vendo ninguém?
Senhora - Ah! meu Deus, além de véio é cego! Fala pra esse teu véio saí daqui, antes que resolvo levar ele primeiro que você.
Vovó Vida - Vai, meu véio, na cozinha buscá um copo de água bem gelada pra mim!
(Vovô Nenê sai)
Senhora - E, então, já comprou o caviar? Se não comprou é bom comprar, que o tempo urge, Vovó. E amanhã mesmo tendo choro e vela você haverá de vir comigo!
Vovó Vida - Amanhã, será amanhã! E quer saber de uma coisa? Você está começando a me dar nos nervos!
(Vovô Nenê traz o copo de água, dá à mulher).
Senhora - Tô li dando nos nervos, é? E o que quê você vai fazer, hem, meu bem?
Vovó Vida - Isso! (faz ela, jogando-lhe água na cara. As duas almas riem a bandeiras despregadas. Uma delas chega até a cair no chão). - Passa daqui, que a porta da casa é a serventia, e só me apareça aqui amanhã à noite, quando eu estiver dormindo. Não se esqueça de que esse foi o nosso trato.
(A Senhora se retira, dando alguns espirros, puxando as duas almas pela corda, que não param de zombar dela pelas costas, fazendo gestos de que ela se deu mal. As luzes se apagam, quando elas reacendem, Vovó Vida está se aprontando para sair. A Senhora vem ter novamente com ela).
Senhora - Já são vinte e uma horas! (Atichim!, espirra) - Por que não foi pra cama dormir, (atichim) confortme nós combinamos?
Vovó Vida - Ora, porque não tõ com sono! E quer saber de uma coisa? Hoje não vou dormir. Que quê aconteceu? Você parece que tá gripadinha?
Senhora - Tô sim, e por sua culpa, que me jogou aquele maldito copo de água gelada na cara. Mas, voltando ao nosso assunto, você tem que dormir, porque foi o que combinamos.
Vovô Vida -Puxa vida! Ficou doentinha, é? Tadinha! Tô morren`, quer dizer, tô cheinha de pena de você.
Senhora - Fingida, dissimulada! Pensa que eu não sei? Você tá mais é querendo que eu me exploda. Mas deixa de conversinha-mole e vai dormir, conforme nós combinamos.
Vovó Vida - Combinamos coisíssima nenhuma! Eu não disse que iria dormir; mas sim, que você só me levaria caso eu estivesse dormindo. Como não estou com sono, eu vou é pra balada com meu véio. Nenê, meu amor, tô pronta! Vamos!
(Nenê entra em cena, todo arrumado, dá-lhe o braço, cavalheiramente).
Vovô Nenê - Vamos, querida!
Vovó Vida - Vamos que a vida nos chama!
Senhora - Quer dizer que (Atichim) aquela história de caviar era tudo tapeação?
Vovó Vida - Quiá, quiá, quiá, quiá! Se era, minha filha! E você caiu que nem uma patinha. E você quer saber, esse taL de caviar é coisa pra burguês e pobre metido à besta. Prefiro mil vezes um vatapá ou então um acarajé!
Senhora - Você me enganou, Sua traiçoeira! Grarrrrrr!!! Ah! que ódio! (faz ela rangendo os dentes, cerrando os punhos, dando em seguida outro espirro).
Vovó Vida - Ah! sim! Quem avisa amiga é! Por isso, vai logo tratar desse resfriado, senão ele pode virar um peneumonia e te matar.
(Fecham-se as cortinas)

sábado, 27 de fevereiro de 2010

VISITA AO TERCEIRO MUNDO

Bob Alison, riquíssimo empresário nova-iorquino, nunca havia visitado nem um país do "Terceiro Mundo". Tudo que ele conhece dessas nações são os lucros oriundos delas, resultado das muitas empresas que ele possui disseminadas pelas principais capitais do globo.

Desde a mais tenra idade, ele abraçou a carreira empresarial e fez disso a razão der sua existência. A mente dele funciona dia e noite sememelhante a um computador, fazendo novos projetos a fim de aumentar ainda mais seu imenso patrimônio.

Nos momentos de ócio, ele não consegue relaxar e aproveitar a vida, porque seus pensamentos continuam no escritório. Cheirar cocaína é a única maneira que ele encontrou para romper as amarras que o prendem ao mundo dos negócios. Para ele, o Céu se configura aqui mesmo nesta existência, e a América do Norte é o panteão, cujos deuses que o habitam têm o direito inalienável de governar o restante do mundo da maneira que lhes for conveniente.

Bob Alison se orgulha de ser um cidadão norte-americano. Dentre seus compatriotas não há quem defenda o neocolonialismo com maior eloquência que ele. Para justificá-lo, diz que a descendência inglesa de sua nação por si só já lhes dá esse direito, porque os britânicos são uma raça forte, que colonizara muitos povos; portanto, nada mais natural que darem continuidade a essa tradição.

Em Uma véspera de feriado, junto com alguns empresários amigos dele, fazem uma festa em uma cobertura de um magnífico arranha-céu. Eles contratam várias meretrizes para se "divertir". Como de costume, ele precisou inalar cocaína para conseguir se descontrair e participar do festim.

Uma bela morena, que se encontra entre o pessoal encareregado de distribuir os comes e bebes, fascina-o com seu caminhar sensual. Interroga a um garçom sobre quem é aquela jovem beldade. Ele lhe disse que ela havia chegado do Brasil recentemente. Ao saber que se tratava de uma brasileira, ele fica mais excitado ainda, porque sempre ouvira dizer que as mulheres dessa nacionalidade têm um jeito todo especial de fazer sexo.

Quando um de seus amigos nota que ele quer possuí-la, aconcelha-o a desistir dessa idéia, porque a moça não viera ali para se prostituir; além disso, há diversas garotas disponíveis naquele lugar. Alison responde ao companheiro que o Terceiro Mundo deve serví-los em todos os sentidos, porque ao longo dos tempos passados sempre fora regra os povos subalternos se submeterem aos seus senhores. Cita como exemplo "a prima noctis" da era feudal, que dava direito ao suserano feudal dormir com as noivas de seus servos na primeira noite de núpcias.

Pouco depois que disse isso, manda chamar a jovem e a convida para um drinque. A moça recusa a bebida, pede desculpa e diz a ele que se fizer isso, possivelmente, será demitida pelo seu superior. O empresário replica que ela poderá beber quanto quiser em sua companhia, sem qualquer receio de perder o emprego, porque naquele lugar é ele quem dita as regras do jogo. Mesmo assim a garota prefere abster-se da bebida. Bob Alison a leva para perto da piscina, sentam-se num banco e ele tira do bolso uma cápsula de cocaína. Pertgunta se ela não quer dar uma cheiradinha. Ela fica incomodada com a pergunta, respónde quie não usa drogas. Ele obstrui uma das fossas nasais, precionando-a com a polpa do dedo indicador, inala o pó alucinógeno com a outra, diz:

- Você não sabe o que está perdendo, meu bem!

Vizinhos a eles, dois caisai se despem, começam a copular. Dentro do apartamento todos praticam sexo grupal. Alison acaricia-lhe o antebraço, sobe a mão em direção ao pescoço dela. Em seguida, abre-lhe o primeiro botão da camisa, vê a parte superior dos seios da moça, envoltos por um sutiã branco, enfeitado com rendas nas partes superiores.

Juçara levanta-se do banco, dizendo que vai embora. Sai apressada, pulando por cima das pessoas que praticam sexo, deitadas no chão, ocupando todos os espaços do apartamento.

Dois seguranças enormes não a deixam sair. Levam-na de volta até o empresário. Bob Alison ainda continua sentado no mesmo lugar. Ele permanece assentado tranquilamente, diz à moça que de um jeito ou de outro ela vai ter que satisfazer seus caprichos dele. Portanto, o melhor que ela tem a fazer é ser "boazinha", tentar relaxar e aproveitar tudo da melhor maneira possível. Juçara se sente pressionada contra a parede. Sozinha em um páis estrangeiro, lutando para alcançar um padrão de vida melhor, sem ter alguém por perto para ajudá-la, ela temeu pela sua vida naquele momento e se viu compelida a satisfazer os caprichos do inescrupuloso empresário.

Quando tudo chegou ao fim, ele pegou um talão de cheque e uma caneta, preencheu um cheque vultosos e deu para ela. O interior dela está em caos; olha para a ordem de pagamento e a coloca em cima do assento, emite um suspiro profundo, cobre o rosto com as mãos e põe-se a chorar.

Depois daquilo, Bob Alison nunca mais foi o mesmo. Perdeu todo o interesse pelas mulheres norte-americanas e vive sonhando com as brasileiras. Compra revistas pornográficas e fitas de vídeo exportadas pelo Brasil.

O que parece impossível acaba acontecendo. Ele, que tem uma grande aversão pelo Terceiro Mundo, decide fazer uma viagem de turismo ao Brasil. Espera pelo Carnaval e quando ele chega, passa a administração de suas esmpresas às mãos de seu diretor auxiliar, faz as mala e vem conhecer o Gigante Adormecido da América do Sul, em companhia de um aio.

Oh! Caranaval! Quantas loucuras!... Diverte-se a valer, fazendo sexo todas as noites, com as mais belas mulheres que seus dollares conseguem comprar. Pretende voltar após a festa luxuriante; mas gostou tanto daqui que resolveu ficar mais alguns dias.

No decorrer desse tempo, acaba descobrindo que o Brasil é muito mais do que mulheres bonitas, samba, Carnaval, cerveja e futebol. Viaja através de vários estados, constata apesar do neocolonialismo, que seu país impõe ao nosso, possuímos uma cultura riquíssima que constiui uma verdadeira antítese em relação ao modus vivendi, que os yankees tentam nos impor.

Os encantos naturais desta terra o seduziram tanto, que ele termina indo a Amazônia, conhecer aquela região, que tanto capital lhe proporcionara através da exploração mineral e florestal. Quando embarcou em um navio e navegou pelo Rio Amazonas, achou-o espetacularmente belo. Por mais que se esforce não consegue associá-lo a outro caudal de sua terra natal. No momento em que a embarcação está passando perto de um hotel, localizado às margens do afluente em plena floresta, ele resolve se hospedar nele por alguns dias.

Nesta mesma parte da selva, algumas aldeias indígenas formaram uma confederação, com o objetivo de expulsarem os homens brancos invasores, que dia após dias estão invadindo seus territórios e destruindo o eco-sistema tão necessário às suas existências. O que mais o deixam furiosos, é o fato daquele hotel ter sido erigido em um local que eles consideram sagrado. De acordo com uma lenda, de uma das tribos, fora ali que "Maira Hu", criara o primeiro acenstral daquela etnia. O hotel inspira confiança. Ninquém imagina que ele possa ser atacado de uma hora para a outra.

Bob Alison caminha com seu aio pelas adjacências da hospedagem, observando a fauna e a flora, quando presencia a chegada de uma grande leva de guerreiros. Os dois fiacam terrificados e ao mesmo tempo curiosos, porque a cena parece ter saído de dentro de um filme holliwoodiano. O medo supera a curiosidade e os norte-americanos correm rumo ao hotel.

Um segundo grupo de aborígines sai do mato e os intercepta. Um dos bugres, que aparenta ser o chefe, diz aos outros para que os matem a golpes de borduna, que adversários tão insignificantes quanto a eles não merecem morrer seteados. O aoi recebe um golpe de tacape e cai morto diante de Bob Alison. Ao vê-lo prostrado, com a cabeça aberta, tingindo o solo de sangue, fica totalmente alucinado, pedindo que não o matem. Os índios ouvem-no dizendo e redizendo enquanto chora ajoelhado ao chão:

- Misteres, plise don`t mi killed-mi! ( Senhores, por favor não me matem!).

O mesmo bugre que havia mandado abatê-los a golpe de tacapes, achou-o covarde demais a ponto de desonrar aquele que o matar e decide poupá-lo. Deixam-no amarrado a uma árvore, atacam o hotel, massacra todos os hospedes e incedeiam a estalagem.

Bob Alison é levado por uma das tribos. Os índios lhe dão um nome no dialeto deles, que posteriormente ficará sabendo que significa o Filho do Medo. O mepresário jamais imaginou que fosse terminar sua vida daquela maneira. Fazem dele uma espécie de bobo da corte da aldeia; além disso, utilizam-no como escravo.

Ele nunca havia servido a ninguém em sua vida. Revoltado com sua situação, resolve fugir. Mas assim que divisa uma onça, volta correndo para a aldeia, gritando que havia visto uma enorme onça próximo à aldeia. alguns guerreiros adentram-se no mato e constatam que a mega-onça não passa de uma jaguatirica, a menor representante da espécie. Por causa disso, todas às vezes que alguém quer zombá-lo, brada:

- Olha a onça!

Sempre que os guerreiros saem para caçar, levam-no e quando abatem algum animal, colocam-no para transportar. Bob odeia servir de burro-de-carga para aqueles nativos.

De vez em quando ele se rebela, senta-se ao chão, cruza os braços e se nega a cumprir a tarefa que lhe é determinada. Quando isso acontece, não é preciso que façam muita coisa para que ele volte a trabalhar. Basta qualquer curumim, por mais pequeno que seja, apanhar um tacape e caminhar de encontro a ele. Alison levanta-se e recomeça a trabalhar no mesmo instante.

Depois do primeiro ano ele vai se acostumando com sua condição servil e passa a servir os nativos com diligência.

Através daquela convivência forçada, ele conhece um mundo totalemente ao oposto do dele. Com aquele povo, acaba descobrindo o que é a verdadeira liberdade. Naquele lugar, ninguém tem nada e ao mesmo tempo tem tudo... Para aquela gente a floresta representa o maior tesouro. Sabem conviver com o eco-sistema sem agredí-lo, adaptando-se a ele com grande sabedoria, adquirida ao longo de várias gerações.

Alison fica impressionadíssimo com o respeito que os nativos têm pelas crianças. Sempre que vão conversar com um curumim, abaixam para ficar em pé de igualdade com ele.

Quando consegue superar o oceano de preconceitos que jazia em seu ser, pode finalmente compara a cultura indígena com a civilizada e percebe quanto são falsos os valores que antes ele defendia, que na verdade só servem para justifiacar o despotismo yankee perante os outros povos. Aos poucos vai conquistando o respeito dos nativos e incorporando os costumes deles. Aprende a pescar, caçar. diferenciar frutos comestíveis dos não-comestíveis e a fazer armas. O aprendizado daquela cultura o transforma em um novo ser. Todos os seus temores vão sendo superados e submetem-no a um ritual de iniciação. Após submetê-lo a vários testes ardorosos o concideram guerreiro e o denominam de Andira, o Morcego, nome esse que lhe fora dado devido a radical metamorfose sociaL que ele sofrera, que pode ser comparada à desse animal.

Andira renascera também em sentimentos. Aprendeu a amar o seu próximo, chegando até mesmo a se apaixonar de verdade por uma das nativas da aldeia. Tamekum, o alvo de suas atenções, é uma das mais bonitas índias da taba. Um dia, Andira a pede em casamento para os pais dela. Eles não negam o pedido; porém, antes terá que dar-lhes prova de seu valor. Ele tem a oportunidade de dar as provas exigidas pelos futuros sogros numa grande festa do Quarupe, competido com outros guerreiros e várias provas desportivas, que inclui a uca-uca, espécie de sumô praticado pelos nativos.

Os dois se casam e vivem felizes. Após o nascimento de seu primeiro filho, chega às adjacências da aldeia uma grande empresa mineradora, que havia descoberto uma enorme mina de ouro. Todos os mananciais começam a ser dragados, os peixes morrem intoxicados pelo mercúrio, que é lançado na água, os animais fogem apavorados pelo barulho insurdecedor das dragas.

Os índios resolvem enfrentar os invasores, armam-se e vão de encontro aos inimigos. Assim que o confronto tem ínicio, muitos índios são mortos, pois os garimpeiros estão muito bem-armados, que já previam que isso fosse acontecer.

Não sendo possível expulsá-los, voltam para a aldeia, levando com eles seus mortos e feridos. Os garimpeiros decidem devastar a aldeia e se dirigem para lá. Quando eles chegam, armados de rifles, disparando tiros contra mulheres e crianças, Andira reconhece o líder do grupo. Corre na direção dele, grita:

- Bred ford,Dont`t you recongniz me? As you boss I ask you toquit with butchery! ( Bred Ford, você não está me reconhecendo? Na qualidade de teu chefe, ordeno que pare já com este massacre!).

Suas palavras não puderam ser ouvida devido aos estampidos das armas. Brad o vê; mas não o reconhece. Pensa que é um nativo se prorropendo para atacá-lo e atira nele.

Naquela mesma noite, ele faz uma festa para comemorar o extermínio dos nativos, sem desconfiar por um segundo sequer que havia matado seu patrão. Apenas uma coisa o intriga - o fato dele nunca ter visto antes um aborígine dos olhos azuis.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

BESTIFICAÇÃO

Olho as pessoas em meio à metrópole.
Elas passam, parece que sou
Invisível aos olhos delas.
Não existo existindo...
É estranho...
Não exisistindo; mas existo...
Devo gritar,
Ou não?
Quando será que me verão?
Socorro! Socorro! Socorro!
- gritos apelos que não lanço.
Não sei quem é mais frio
Se são as pessoas
Ou se as pedras edifcantes desta metrópole.
Quiçá, delas provém toda a frialdade
De todos estes não-cidadãos
Que se julgam cidadãos,
Que não passam de engrenagem
Engrenagem que movem o sistema
O qual persiste e teima
Em coisificar e despersonalizar
Seres humanos para lhes bestificar.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

PATACOADA

A Cultura está agonizando!
Corro, grito, peço socorro...
Ninguém ouve, ninguém me vê!
Que droga! Será que tão vendo TV?
É isso, é isso!
Tão assistindo àquela bosta...
Que se chama Big Brodher Brasil!
Não entendo como que tem gente que gosta
De ver uma patacoada daquelas, tão baixa, tão vil...
Se pudesse, iria pra Pasárgada
Porque, pessoal, não dá
Pra continuar suportando
Tanta babaquice,tanta estultice.
Iria pra lá nem que fosse voando
E não veria mais tanta cretinice.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Virgem Maria!

Virgem Maria! que susto!...
isso não existe mais...
Isso é coisa que ficou no passado...
Deve ser uma alucinação
Ou, quem sabe,
Até um pesadelo...
Em nossas ruas não existem mais indigentes
Pessoas que passam fome!
Iditota! Abra os olhos de seus preconceitos que você verá!...
Quem foi que disse que isso é uma coisa feia,
Inadimissível?
Feio, inadimissível para o poder público é continuar
Permitindo que pessoas se abracem, se beijem em lugar público!
Está vendo, concordando comigo agora?
- Sim, sim! Que coisa mais nojenta!...
Aqueles dois estão atracados
Trocando beijos de língua!
Vamos mandá-los para O PAREDÃO
Para que os fuzilem,
Ou melhor,
Vamos transformá-los em mendigos
Que antes vê-los esfomeados
Perambulando pelas ruas
A vê-los dando esse espetáculo de afeto e carinho,
Publicamente.
Virgem Maria! mas isso ainda acontece, gente!
Fui censurado por beijar minha namorada
No anfiteatro de uma subprefeitura!
Arre, só de me lembrar me dá até medo!
Corremos risco de sermos enviados ao paredão.