quarta-feira, 4 de novembro de 2009

BALAS TROCADAS

- Epa! Por que você jogou esse papel amassado na minha cabeça?
- Não está me reconhecendo, Francisco? - interrogou o outro passageiro.
- não, não estou!
- Sou aquele garoto que estudava o primário com você. Aquele que sentava na primeira fileira, próximo à mesa da professora, lembra? Aquele que você só ficava jogando bolotas de papel amassadas igual eu fiz contido agora. O mesmo que você chamava de babaca, que não sabia fazer outra coisa senão estudar, que um dia você disse a ele que o mundo é dos mais espertos, que melhor que ficar estudando igual a um bobo é ser malandro, colar e tirar boas notas e passar de ano numa boa.
- Sim, sim, agora me lembrei!
Ambos dialogam muito,recordando do tempo de criança. Quando saltam do metrô, vão a uma lanchonete. Francisco, após beber umas e outras, diz a Milton que havia sacado o FGTS. Milton conta-lhe que recebera o pagamento. Porém, este havia sido efetuado com um cheque. Ele diz que, por ser um final de semana, só poderá descontá-lo na segunda-feira. Por isso, se este lhe fizer o obséquio de trocá-lo, dará a ele cinguenta reais de gratificação.
- Milton, seu sem-vergonho, você me enganou! - brada Francisco no instante em que chega à cela, conduzido pelo carcereiro e o vê encarcerado. - Aquele cheque que você me deu era roubado.
- Balas trocada não dói, meu amigo! O dinheiro que você me deu também era falso.

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