quarta-feira, 21 de outubro de 2009

ROBÔ-LABORADOR

Vivo brigando com a vida
Levando golpe após golpe.
Caído à lona estou
Mas ninguém atira a toalha...
Ponho-me em pé com dificuldade
Tentando fechar a guarda.
Mas eis que ela me desfere
Outro golpe difícil de assimilar:
Fui posto-no-olho-da-rua
Sem receber nenhuma explicação.
Tudo bem...
Aquele serviço era uma merda mesmo...
Soa o gongo!
Inicia outro assalto...
A despeito de todo o meu empenho
Dizem que estou velho demais
Pra continua lutando
Sobre o ringue do mercado de trabalho.
Mas que droga!
Será que não valho
Mais nada para este sistema
Que me explorou durnate tantos anos a fio?
Agora, ele condena ao ferro-velho
Qual se eu fosse uma máquina enferrujada!
Cabisbaixo, caminho pela rua.
Ao passar por um cruzamento
Nem me dou conta
Do automóvel que me atropela
E esfacela meus ossos em mil pedaços.
Uma multidão de curiosos se aglomera
A fim de ver
Quem é o "zé-mané"
Que foi atropelado.
Satisfeita a curiosidade
Um a um vai se dispersando
Enquanto a rotinal cruel da vida prossegue
E meu corpo segue para o IML
Dentro de uma ambulância
Cuja sirene até parece
Um lamento plangente
De um ser de lata
Que foi o único capaz
De se sensibilizar com a trágica morte
Deste robô-laborador
Que se transformou em sucata.

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