quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PEQUENA GRANDE MALDADE

Tod`às vezes que o papai
Lá na fêra mi levava
Sempre vi`uma nuvidade...
Ah! com`ele me amava!
Me fazia cada surpresa
Qu`eu simplesment`adorava.

Certa vez chegou em casa
Me disse, minha fiinha
Hoje vô levá`ocê na fêra.
Disse-me que ele tinha
Té comprado um cavalo
qu`eu fosse dá`u`a oiadinha.

Saí toda lamper`aos grito
De alegria, correndo
Para o nosso terreiro.
Cadê`le, qu`eu não tô veno?
Lá, fiinha, lá, fiinha!
Disse-me el`apontando

Co ded`u`a vara cumprida
Encostada em um canto.
eu fiquei boquiaberta
Oiano com grand`espanto.
Cê gostô dele, fiinha?
É um cavalão e tanto...

Foi como s`o dedo dele
foss`u`a vara de codão
D`uma poderosa fada.
A vara num alazão
Naquel`instante trasformô.
Tomô-m`ele pela mão

Levô`eu pra perto do brioso.
Ele muntô no cavalo
Mi colocô na garupa.
Aí, minino, nem li falo
A emoção qu`eu sentia
Trotano num desabalo

Agarrada na cintura
Dêl`a surrir mi sintino
U`a verdadera PRINCESA
Que co rei pai estav`ino
Dar um passeio matinal.
Às veiz oiava surrino

Para mim, mi priguntava:
Cê tá gostan`amozinho?
Eu, todinha derretida
Dizia - muiiito, paiiizinho!
e quando men`esperava
chegam`à fêra rapidinho.


Naquele di`as pessoas
Tava tudo lá comprano
Um tar de picolé.
Papai ficô mi oiano,
Ca boca toda chei d`água
Qu`eu tava até salivano.

Então, ele riu, me disse
Que daquela veiz daria
Para comprá para nóis.
Ah! como foi grand`alegria
Que senti naquele dia
Qu`eu jamais esqueceria.

Comprô trêis das ansiada
guloseima e as guardou
Enroladas num pedaço
De pano na bols`e falou:
Quando nóis chegá em casa
Pra sua mãe e pr`oc`eu dou!

Quando nóis chega`em casa
Num cantinho da cozinha
A bolsa ele colocou.
Abraçô mi`a mamâezinha
Deu-lh`um prolongado bejo.
Eu, toda desesperadinha

Loquinha pra dar pra ela
A gostosa guloseima
Que nóis troxe lá da fêra
Peguei logo numa teima
De puxá a saia dela.
Papai, e a guloseima?

Pera, fiinha, já pego!
Mimosa, nossa gatinha
Deitad`ao lado da sacola
Dava uma durmidinha.
Papai pisou sem querê
Bem em cima da caudinha

Da coitada da bichana.
Deu él`um miado, pulou
Para cima de meu colo.
Papai lhe acariciou,
Pediu perdão à gatinha.
mas quando o papai pegou

O pano ca nossa surpresa
Ela tinha si sumido
Tão misteriosamente...
Quiçá, pro Beleléu ido...
Pus a culpa na gatinha
Achano que tinha comido

Nossa gostosa surpresa.
Pensei lá cos meu botão:
Não vô batê n`ocê, gata
Pruque paim li de`um pisão
Que cê mereceu, gulosa!
Dei-lhe um bom esmpurrão

De riba do meu colinho
Gritei pr`ela caí fora.
Foiess'a primeira pequena
Grã maldade, que agora
que sei que sorvete derrete
Fiz naquela madit`hora.

Um comentário:

  1. Olá Valmir, agora que encontrei o seu blog vou poder acompanhar melhor suas obras.

    Parabéns pelo seu trabalho.

    Um forte abraço

    Katia N.

    ResponderExcluir