terça-feira, 20 de outubro de 2009

CRÔNICA DO DESAMOR

É sabido que quando um indivíduo começa a envelhecer, começa a não se adequar mais aos novos valores da sociedade em que vive, se contrapondo a tudo. Quando criança, eu ouvia muitas vezes os mais velhos dizerem:
- No meu tempo não era assim... No meu tempo era assim e assado... e não desse jeito que é hoje...
Eu ficava sem entender o que eles queriam dizer com esse no meu tempo... Ora, que conversa mais estranha essa. Afinal, não estavam eles tão vivos quanto eu? Hoje em dia, percebo que o presente tem uma relação muito forte com o passado. Tudo que acontece no presente é um reflexo do que ocorreu no passado. O amor, por exemplo, é um sentimento que não é uno. Os gregos já sabiam disso muito bem. Tanto que havia três classificações para ele - Filia, Eros, Ágape. Entretanto, no tempo em que eu era garoto as canções tinham por tema sempre o amor. No entanto, o amor que era exaltado sempre se tratava do amor entre um homem e uma mulher. Filia - amizade - Ágape - Amor Universal, por tudo e por todos - nunca eram abordados. O amor erótico, quase sempre, é o mais pobre, porque vem sempre acompanhado de uma boa dose de possessão, ciúmes e discórdia.
Assim sendo, se o Amor Ágape tivesse sido mais valorizado outrora, no presente não estáriamos presenciando tanta falta de afeto entre as pessoas. Agora, até as palavras afetuosas ditas pelos jovens dirigidas aos seus amigos são agressivas e desrespeitosas. É comum ouví-los tratando uns aos outros de cuzão, ou então arrombado em substituição a meu querido, meu amigo, meu chapa, etc. Até nos aniversários, na hora de cantar os Parabéns para o aniversariante, interpolaram alguns termos de baixo calão à letra da canção. Colhemos o que plantamos. A violência que contemplamos atualmente, foi plantada, adubada e cultivada pela indústria da violência que está presente no mundo todo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário