sábado, 31 de outubro de 2009

O DIA QUE PAPAI FOI PRO BELELÉU

Há coisas que acontece
Nesta vida, que a gente
Nunca, nunca mais s`esquece.
Eu fui muito descontente
Para minha primer`aula.
Fiquei n`aula renitente

Quereno voltá pra casa.
Sim, porque até então
Eu não er`acostumada
Ficá longe d`atenção
Dos meus querido genitor.
Ah! como me foi tão bão

Quand`aula terminô.
Papai veio me buscá.
Quando lhe vi no portão
Na hora parei di chorá.
Corri par`os braço dele
Par`ele mi confortá.

Que carinh`essa, quirida
Cê parece que chorô?
Mi priguntô`ele surrino.
Eu fiz mesm`um chororô
Que o medo qu`eu sentia
Nhô n`é capaiz de supô.

Medo de quê, fiotinha?
De que o Nhô não viesse
Mais mi buscá, papaizinho!
Ora, fiinha, esquece
Isso que o papai jamais
Da sua fiinha esquece.

Ele mi feiz prometê
Que n`escola não iria
Mais ficá lá só chorano
Que eu mi esforçaria
Para aprendê tudinho
Que a mestra m`ensinaria

Que, quem sab`um dia eu
Também fessora seria.
Aos poco fui m`acostumano
Ca fessor`e ca gritaria
Dos aluno no recreio.
Eles todos sempre ria

Zomabano d`um garotinho
Qu`era meio zaroinho
Que mancava d`uma perna.
Por sê`ele diferentinho
Todos li maltratava tanto
qu`eu tinha dó, coitadinho!

Tava sempre jururu
sozinho no seu cantinho
Temeno sê molestado.
Aí, eu com muito jeitinho
Fui m`aproximano dele.
Nos tornamo amiguinho.

Daí, havi`um menino grande
Que com ele invocava
Chaman`ele de perneta
Cegueta e sempre dava
Vários cascudo nele.
Um dia quando a gente tava


Na hora do nosso lanche
No pátio da noss`escola
Ele pegô`a provocá
O coitado do Beiçola,
Que além de sê perneta,
Zaroio, não tinha n`escola

quem lá tivesse maió
Lábios do que os dele.
Pur isso colocaro
Esse apelido nele.
Eu nunca vi`os seu defeito
Pois muito gostava dele.

Tomei`as dô de meu amigo.
Dei um chute no Zelão
Que pegô bem na canela.
foi aquela gozação
dos aluno pra cima
Do safado do Zelão.

Daí, ninguém mais quis mexê
Com o meu bom amiguinho.
Um dia, no final da aula
Eu não vi meu papaizinho
M`esperano no portão.
Em seu lugá tav`um vizinho.

Fiquei mei`apreensiva.
Perguntei do meu paizinho.
Ele me disse que papai
Tava meio cansadinho.
Por isso que lhe pedira
Pra fazê o favozinho

De vim mi buscá n'escola.
Não creditei totalmente
No que ele me dissera.
Sabe quand`a gente sente
Aquel`aperto no peito
Que por mais ca gente tente

Dizê que tá tudo bem
A gente sabe que não
Está, que tem alg`errado?
Eu tin`essa sensação
Que aumentav`à medida
Que próximo do portão

De minha cas`eu chegava.
O vizinho convidô
Eu pra í na casa dele.
A mamãe mi avistô
Di dentro da nossa casa
Pelo vidro do vitrô.

Vi qu`ela tava chorano.
Fique`inda mais receosa.
O vizinho mi dizia
Que queria tê uma prosa
Comigo na casa dele.
Disse qu`eu não queria prosa

Queri`era vê meu paizinho.
Com mui jeit`entristecido
Deu-m`a infeliz notícia
Que papai tinha falecido.
Na hora meu coração quase
Que parô enfraquecido

Pelo choque da notícia.
Aí, mamãe veio tê
Cumigo, mi abraçô
Mi levô pr`eu vê
O corpo do meu paizinho.
Não conseguia mi contê

Ven`ele deitad`imóvel
Dento de uma grâ rede
Tod`enfeitado com flô.
Encostei-me na parede
Pus a chorá que nem loca.
Parecia que a parede

Etendia o meu sofrê,
Que me dizia que papai
Não havia falecido
que eu parasse cos meu ai
Que pro Beleléu tinh`el`ido
Pruque tudo pra lá vai

Que prezamo pra tá sempre
Bem cá do nosso ladinho.
Hoje, mais do que nunca sei
Que o imenso carinho
que sinto pela sua memória
Faiz qu`el`esteja vivinho

Pra sempre dentro de mim.
ah! paizinho! que saudade!
Um dia também irei
Pro Beleléu e a saudade
Que sinto d`ocê matarei
Pra sempre n`eternidade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PEQUENA GRANDE MALDADE

Tod`às vezes que o papai
Lá na fêra mi levava
Sempre vi`uma nuvidade...
Ah! com`ele me amava!
Me fazia cada surpresa
Qu`eu simplesment`adorava.

Certa vez chegou em casa
Me disse, minha fiinha
Hoje vô levá`ocê na fêra.
Disse-me que ele tinha
Té comprado um cavalo
qu`eu fosse dá`u`a oiadinha.

Saí toda lamper`aos grito
De alegria, correndo
Para o nosso terreiro.
Cadê`le, qu`eu não tô veno?
Lá, fiinha, lá, fiinha!
Disse-me el`apontando

Co ded`u`a vara cumprida
Encostada em um canto.
eu fiquei boquiaberta
Oiano com grand`espanto.
Cê gostô dele, fiinha?
É um cavalão e tanto...

Foi como s`o dedo dele
foss`u`a vara de codão
D`uma poderosa fada.
A vara num alazão
Naquel`instante trasformô.
Tomô-m`ele pela mão

Levô`eu pra perto do brioso.
Ele muntô no cavalo
Mi colocô na garupa.
Aí, minino, nem li falo
A emoção qu`eu sentia
Trotano num desabalo

Agarrada na cintura
Dêl`a surrir mi sintino
U`a verdadera PRINCESA
Que co rei pai estav`ino
Dar um passeio matinal.
Às veiz oiava surrino

Para mim, mi priguntava:
Cê tá gostan`amozinho?
Eu, todinha derretida
Dizia - muiiito, paiiizinho!
e quando men`esperava
chegam`à fêra rapidinho.


Naquele di`as pessoas
Tava tudo lá comprano
Um tar de picolé.
Papai ficô mi oiano,
Ca boca toda chei d`água
Qu`eu tava até salivano.

Então, ele riu, me disse
Que daquela veiz daria
Para comprá para nóis.
Ah! como foi grand`alegria
Que senti naquele dia
Qu`eu jamais esqueceria.

Comprô trêis das ansiada
guloseima e as guardou
Enroladas num pedaço
De pano na bols`e falou:
Quando nóis chegá em casa
Pra sua mãe e pr`oc`eu dou!

Quando nóis chega`em casa
Num cantinho da cozinha
A bolsa ele colocou.
Abraçô mi`a mamâezinha
Deu-lh`um prolongado bejo.
Eu, toda desesperadinha

Loquinha pra dar pra ela
A gostosa guloseima
Que nóis troxe lá da fêra
Peguei logo numa teima
De puxá a saia dela.
Papai, e a guloseima?

Pera, fiinha, já pego!
Mimosa, nossa gatinha
Deitad`ao lado da sacola
Dava uma durmidinha.
Papai pisou sem querê
Bem em cima da caudinha

Da coitada da bichana.
Deu él`um miado, pulou
Para cima de meu colo.
Papai lhe acariciou,
Pediu perdão à gatinha.
mas quando o papai pegou

O pano ca nossa surpresa
Ela tinha si sumido
Tão misteriosamente...
Quiçá, pro Beleléu ido...
Pus a culpa na gatinha
Achano que tinha comido

Nossa gostosa surpresa.
Pensei lá cos meu botão:
Não vô batê n`ocê, gata
Pruque paim li de`um pisão
Que cê mereceu, gulosa!
Dei-lhe um bom esmpurrão

De riba do meu colinho
Gritei pr`ela caí fora.
Foiess'a primeira pequena
Grã maldade, que agora
que sei que sorvete derrete
Fiz naquela madit`hora.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TRISTE REALIDADE

Ontem - dia 27/10/09 - estive em uma reunião do Projeto Efervescência Cultural, que aconteceu no anfiteatro da sab-prefeitura de Itaquera. Ele é um projeto idealizado para dar apoio às pessoas que produzem cultura na região de Itaquera, mas que abre espaço para os artistas de outras regiões. Foi bastante gratificante estar lá, que além de demonstrar um pouco de minha poesia, ainda fiquei sabendo que poderei anunciar em um SITE o trabalho que desenvolvo como escritor e editorador de textos literários.
Num dado momento, um dos presentes disse que para que nosso trabalho aconteça é necessário que façamos barulho... Que, no meu caso, meus livros têm que ser visto, analizado, que, dependendo, devo melhorá-los ou até piorá-los para que caia no gosto do público. Ressaltou que terei que utiliar palavras de baixo calão em minhas obras. A meu ver não existe nada mais abjeto para um artista que expressar aquilo que os outros querem ver, não o que ele deve fazer. Sim, porque, em verdade, essa estória de que todos os meus personagens têm que ter um linguajar chulo, grosseiro, não condiz com minha forma de escrever. Em verdade, todos os personagens que construo têm suas características particulares. Se se trata de uma prostituta, de um rufião, aí, sim, tem sentido que tais não tenham papas na língua...
Mas se a personagem em questão for uma pessoa culta, obviamente que esta se expressará num linguajar mais rebuscado. Além disso, se para ter meu trabalho reconhecido o preço for me adequar às exigências do sistema, estou fora, pois minha obra é uma constante oposição a tudo que nos oprime e alija de nossa veradeira essência humana.

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MEU PEDACINHO DE CHÃO

Eu e mi`a mulé morava num recanto
Que era chei de encanto.
Cultivav`um roçado
Criav`algumas criação.
Mas um dia um fazendero disgraçado
Fez um caxixe cum Dr. advogado
tomaro minhas terra e té meu gado
Eu virei escravo de patrão.
Agora, trabaio de sol a sol

Cumeno minha boia-fria
Nem tenho tempo de vê o arrebol.
Cadê a reforma agrara
Que o guverno diz que faria?
Entra ano e sai ano
Minha esperança vai s`acabano.
Ah! que sardade que sinto
do meu pedacinho de chão
Ond`eu não tinha que perta o sinto

Pra pô pra famia cumida na mesa.
Carne de porco e de galinha não faltava.
Leite de vaca pras crianç`eu tirava.
Naquele tempo, às vezes, eu oiava
Pra tud`aquilo e surria.
Hoje, choro a sardade de tudo que perdi.
Às vezes, óio pra vastidão do universo
E por mais que cas pessoa converso
Não consigo intendê como ser humano pode

Dizê qu`é mais ivuluído
do que qualqué antropoide
Pruque macaco ninhum vive
Da mão-de-obra do outro
Como o ser humano patrão vive
Acumulano riqueza através da exploração.
Boia-fria só vira cidadão
Quand`é época de eleição.
Os politi`canalhas nos prrocura

Todos chei de frescura
Prometeno o mundo e o fundo
Mas depois das eleição
O buraco da pobreza se torna mais profundo
Pruque além de traí as promeça de campanha
Inda comemora com champanha
comprada co dinhero público.
Por essas e otra é que sô contra
Tod`essa canalhice do Estado burguês.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O ANDARILHO

Nem mes`ele saberia
Quanto tempo que fazia
Qu`el`era um andarilho.
Sempre cas sua mão vazia
E a barriga mais ainda
Que nem tod`os dia comia.

Segui`ele sempr`em frente
Procurando um lugar
Que dizem chamar Cocanha
que se com`até fartar
Que tem comida de sobra
Pra todos s`empanturrar.

Um di`ele deu cos costado
Bem lá na tal de Cocanha.
Viu tanta fartura lá
Que seus zóio arreganha
Doido pra matá a fome
C`um pedaço de picanha.

Tir`essa mão chea de dedo
Daí, Seu esfomeado!
Fez um cabr`engravatado
C`os zóio esgazeado.
Pru quê qu`eu não posso
Comê? Tô disisperado!

Primero tem que pegá
A ficha naquele caxa
Ou então cê não come!
Vooooti! Í naquele caxa?
Mas... tud`aqui n`é de graça?
Iss`é o que ocê acha!

De graç`aqui nem injeção
Na vea cê vai tomar!
Ué... mas aqui n`é a terra
Onde todos são iguar
Que tem tudo qu`é comida
Pra todo mundo se fartar?

Tudo qu`é comida tem
Mas cê tem que tê dinhero!
Mas não é possível isso!
Até aqui,companhero
O capitalismo chegou
Pra tudo virá dinhero?

Sim,e por falá`em dinhero
Vooê tem no bos`algum?
Porque se por um acaso
Estiver liso, sem nenhum
A port`é a serventia
Da casa e lhe dou um
Aviso: cai fora, certo?

Cocanha, que decepção!
Diz ele saindo à porta.
Ond`é que me tratarão
De igual pra igual
E mi`a fome saciarão?

Lá no REINO DO MEU PAI
Qu`espera por ti, meu irmão!
Fez um hom'iluminado
Estendendo-lhe a mão.
Agora, que desiludiste
Da quimera ilusão

De um sistema perfeito
Feito pelo ser humano
Entrarás no REINO ETERNO
Que não tem nenhum engano
E junt'ao PAI vamos tá
Cantan`e a ELE louvano.

Naquele mesmo momento
Em centelhas luminosa
Os dois home viraro.
E pra acabá ca prosa
Juntar`à LUZ, que NUNC`APAGA...
Podes crer que não é glosa.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SONHOS DE UM NORDESTINO

Quando chove no sertão
Faiz gosto oiá pr`as prantação.
Mas quando a chuva não vem
xiquexique e mandacarú têm
força pra subrivivê naquelas parage.
É pur isso que viemo de viage
Tentá a vida cá na capitá
Onde todo mundo diz-qufácil ganhá
O pão do dia-a-dia.

Mas qui cidad`inorme
Ond`uma cambada de gente come e dorme
À custa dos milhares de trabaiadô
Sem nunca si sensibilizá cas sua .
Casa, não tenho pra morá.
É u`a situação pra qualqué um s`apavorá.
Tê que vivê ca minha famia
Dibaxo duma ponte fria
Ismolano o di cumê.

Mas o pió memo é iscutá
Gente grã-fina gritá
disaforo pr`eu e mi`a famia
E pra toda nordestinia
Que viero pra cá fugino
Da seca que causa disatino
Sem sabê que aqui também
Muita miséria tem
Cercada pelo progresso.

falá com franqueza
tem hora que mi dá vontade de mi embebedá
Durmí e nunca mais acordá
Só pra não continuá veno
Meus sete fio sofreno
E a mulé ismagreceno
Amamentano o piqueno.
Ah! que vida disgraçada
Que mi deixa ca morá dispedaçada

Qual uma vidraça quebrada.
Mas a sorte tá mudano...
Neste novo ano
Arrumei um emprego numa construção-civil.
Mas creio que ocê nunca viu
Cantero de obra mais fulero...
A falta de segurança é tal que me causa disespero
Quando cá di riba presto atenção
Na altura que nos separa do chão.

Agora, além do ganha pão
Já tenho um barraco pra morá ca mi`a famia
O qual parece que desafia
A lei da gravidade in riba do morro.
Súbito, precipita uma forte chuva sobre o morro.
Não dá nem tempo de gritá por socorro.
Tudo rolá morro abaixo num grande enchurro
Soterrano os sonhos de um nordestino
Que lutô tenazmente contra seu cruel destino.

AMOR ANTIGO

Uma velhinha sai à porta de sua casa, divisa um casal namorando aos beijos e abraços, enconstado a um poste.
- Que safadeza! Onde já se viu? Este mundo está perdido mesmo.. Virou uma verdadeira Sodoma e Gomorra! No meu tempo, quando um rapaz pedia uma moça em namoro, era pra casar mesmo e não ficar com esse agarramento descarado na frente de todo mundo.
- Quiá, quiá, quiá... Vai se ferrar, múmia paralítica, e nos deixa namorar em paz! - fez o rapaz.
- Desconjuro! Eu tenho pena de vocês! Quando vocês morrerem, não farão nem curva - vão diretinho pro inferno!
- Ah, vai, vai vê se estou lá na esquina!
Muito agastada, saiu caminhando "bengalavagarosamente" rumo à igreja. Algum tempo depois, retorna. Ela deita à cama, começa a bolinar os seios flácidos.
- Ahh... Ahhh... Ahhhhh... padre Ezequiel, como gosto de você. Em verdade, desde que eu era menina, que eu já gostava de você.
- Ding, dong!!! - soa a campanhia.
- Mas que droga! Quem será o pé no saco que veio estragar meu barato. Logo agora que eu tava chegando lá...
Resmungando, ela vai atender à porta.
- Dinho, meu amor, é você?
- Sim, querida! - volve o marido dela.
- Quê que aconteceu, que você chegou mais cedo?
- Nada, amor! Cansei de ficar lá no clube jogando damas com aquela velharada caduca, resolvi vir pra casa tomar aquele cafezinho esperto que só você sabe preparar.
- Então, entra! Vou pôr água pra ferver, enquanto esperamos ela ferver, ficaremos sentadinhos namorando igual um casalzinho de pombinhos apaixonado. Você sabe em quem eu estava pensando antes de você chegar, amor?
- ... Não, não faço a menor idéia!
- Tolinho lindo! Em quem mais eu poderia pensar , senão em você, padre Ezequiel! Ops! O padre Ezequiel deve ter falado meu nome.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

CUNVERSA DE CORONÉ

Pobre, meu amigo
É u`a verdadeira disgraça!
Qué ganhá nossas terra di graça
Que nossos avô lutaro pra conquistá
Na base de tiro de arma como aquelas que tá
Pendurada na sala de istá.
E ocê inda mi pede carma!
di uví fala em reforma agrara
fico loco que nem sei

O que faria se um cabra
viesse bulí no que é meu.
Afinal, o guverno tem que tá
Do lado du pruprietaro
Pruque nóis num somo otaro
Pra ajudá elegê um cidadão
E na hora do vamo
Ele só fica puxano-saco de pobre
Dizeno que tá fazeno ação muito nobre

Assinano decreto pra disprupriá nossas terra
E dá elas pra pobraiera.
Eu é que não ficá de bobera!
Se priciso , faço uma guerra
Pra defendê minhas terra
Que muito mi são priciosa.
Pode ocê dizê que tenho
Muita maldade no coração.
Mas saiba que tenho muita devoção

Pelos santo da Madre-Igreja
Que eles me guarde e me proteja
Dos zóio grande do pobre
Pr`eu não te qui fazê uma guerra
Pra defendê minhas terra
Que, como já li disse, mui mi são priciosa.
Diz-que elas é uciosa.
Mintira! Não é não!
Elas é mui produtiva.

O que plantá nelas dá
Pois foro muito bem-adubada
Co sangue dos possero
Que lutaro contra meus avô
E perdero suas vida desenganda
Que não servia pra nada
Pruque pobre pé iguá mato
Que em qualqué lugá dá
e por mais que cê carpa ele

Nunca se livra dele.
Eu sei que ele tem lá sua serventia
Mas seu oiá de pidão me infastia
Perdo a paciência e li dô um pito
Quê que cê tá mi oiano
Co essa cara de bugre bravio
Parece que nunca me viu?
Desmoralizado, sai e apanha a exada
- Única coisa que lhe cabe neste latifúndio.

PRÉLIO

Existência!
Tu és um turbilhão!!!
Tento
Mas não consigo
Superar tua força tempestuosa
Que a toda a humanidade arrasta
Neste imenso rio do existir.
Deixa-me caminhar
Com minhas próprias pernas
Ser senhor de meu destino!
Até quando bateremos
Neste prélio desigual
No qual tu sempre te sagras vencedora?
Ah! mas mesmo sabendo disso
Ainda assim continuarei te confrontando
No labor do dia-a-dia
E, um dia, quem sabe
Hei de vencer-te.
Quando prostras-me ao chão
Pela violência de tua mão
Tamanho é o impacto do golpe
Que, aturdido, ponho-me a pensar:
Terá vindo da Direita
Ou será que foi da Esquerda...
Porque ambas facções políticas
Sempre juram
Que nunca batem;
Mas no final
Sempre apanho...
Quantas vãs promessas
foram feitas à humanidade?
Quantos loucos disseram
Ser Napoleão?
Mas será que algum de eles
Terá sido mais louco
Que o próprio Napoleão?
Ele, seus canhões
e seus granadeiros
Quanto sangue derramaram
Prometendo à humanidade
Um mundo melhor!?
E eis no que a enorme hecatombe resultou...
A tão idealizada propriedade privada
Anda tão privada
Que nada restou-me.
Sei que dizendo isso
Hão de acusar-me de sedicioso...
E eu vos digo:
É evidente que o sou, camarada
Pois o que seria do mundo
Se todos abaixassem a cabeça!?

ROBÔ-LABORADOR

Vivo brigando com a vida
Levando golpe após golpe.
Caído à lona estou
Mas ninguém atira a toalha...
Ponho-me em pé com dificuldade
Tentando fechar a guarda.
Mas eis que ela me desfere
Outro golpe difícil de assimilar:
Fui posto-no-olho-da-rua
Sem receber nenhuma explicação.
Tudo bem...
Aquele serviço era uma merda mesmo...
Soa o gongo!
Inicia outro assalto...
A despeito de todo o meu empenho
Dizem que estou velho demais
Pra continua lutando
Sobre o ringue do mercado de trabalho.
Mas que droga!
Será que não valho
Mais nada para este sistema
Que me explorou durnate tantos anos a fio?
Agora, ele condena ao ferro-velho
Qual se eu fosse uma máquina enferrujada!
Cabisbaixo, caminho pela rua.
Ao passar por um cruzamento
Nem me dou conta
Do automóvel que me atropela
E esfacela meus ossos em mil pedaços.
Uma multidão de curiosos se aglomera
A fim de ver
Quem é o "zé-mané"
Que foi atropelado.
Satisfeita a curiosidade
Um a um vai se dispersando
Enquanto a rotinal cruel da vida prossegue
E meu corpo segue para o IML
Dentro de uma ambulância
Cuja sirene até parece
Um lamento plangente
De um ser de lata
Que foi o único capaz
De se sensibilizar com a trágica morte
Deste robô-laborador
Que se transformou em sucata.

ANTÍPODAS

Tudo começa entre ambos com um olhar.
Depois dizem palavras afetuosas um ao outro.
Em seguida, abraçam e se beijam,
Querendo se fundir num único ser.
Com o decorrer do tempo,
Acontece a primeira discussao.
eles dizem palavras um ao outro,
Que não queriam dizer.
Os corações se pejam de infelicidade.
Dias depois, vem a reconciliação:
Beijos, abraços, palavras afetuosas
E a promessa de que não mais se separarão.
Mas, oh, quimera ilusão.
Algum tempo depois,
Numa tarde qualquer,
O dia se torna tempestuoso para eles...
A mesma saliva, que tanto prazer causava
Através do ósculo,
agora causa asco
ao ser lançada na face do ser dantes tão amado.
Os mesmo braços, que antes abraçavam
O ser antes tão querido
Agora, o repelem
Transformando-se em seres antípodas.
E esse é o final de uma bela história de amor.

EU MATEI...

Rua Sábbado D`Ângelo! Tudo se moderniza, o ontem só existe na memória de algumas poucas pessoas... Há trinta ou quarenta anos tudo aqui era bem diferente. Tinha terrenos baldios, chácaras e até olarias. No local em que se encontra a estação ferroviária Dom Bosco, havia uma chácara. Diziam que ela era mal-assombrada. Eu, garoto recém-chegado do interior, lugar aquele onde todos acreditam em assombração, não duvidava disso. À noite, ao tornar da escola, passava defronte da chácara um tanto quanto receoso. Certa vez, alguns companheiros meus, que duvidavam que a chácara fosse relamente mal-assombrada, decidiram pular o muro dela para roubar frutas. Temeroso, não quis tomar parte naquela arriscada empreitada.
Fui para casa. No dia seguiinte, nem um deles compareceu à escola. Que teria acontecido a eles? Fiquei deveras preocupado, de modo que a pergunta, como se fosse uma goteira, gotejava na minha mente ininterruptamente.
No dia subseguente, os pais de meus amigos foram ao ginásio, disseram à diretora que os filhos deles desapareceram havia dois dias. O porteiro informou-lhes que me vira saindo em companhia deles. A diretora mandou que me chamassem. Ao ter à diretoria, interrogaram-me se eu sabia dizer o que acontecera aos meus amigos. Forçado pelas circunstâncias, contei que Lalinha, Miltão e Clóvis adentraram a sinistra chácara para roubar frutas, que eu fora para casa, desde então não sabia do paradeiro deles.
Retornando para casa, no instante em que passava em frente à chácara, avistei Lalinha assentada sobre o muro. Meu coração disparou, pois somente naquele instante foi que me dei conta de que a amava e de quanto estava sofrendo com a sua súbita desaparição. aproximei-me dela. Nunca vi alguém irradiar tanta formosura diante de meus olhos quanto a ela. Abraçamo-nos, beijamo-nos. Mas o ósculo dela era glacial... Senti um frio invadir todo o meu ser. Qual não foi meu espanto ao avistar dois morcegos, voando em nossa direção, se metamorfosearem na figura de meus dois amigos - Miltão e Clóvis -, e Lalinha apresentar duas presas enormes. Lembrei-me de um crucifixo que minha mãe me dera. Por vergonha não o trazia pendurado no pescoço, mas sim, dentro do bolso, que temia ser ridicularizado pelos alunos por viver usando aquele enorme santo-adorno, que era feito de ébano. Mas ele foi que me salvou a vida. Saquei-o do bolso, exibi-o aos vampiros. Eles cobriram os rostos com as mãos, emitindo urros. Saí correndo. Eles me perseguiram. Ao chegar a casa, coloquei uma cruz na porta de entrada, amarrei dentes de alhos nas janelas. Pela manhã, preparei algumas estacas, fui à Igreja do Carmo, apanhei água-benta, dirigi-me à aterrorizante chácara. Adentrei o casarão tenenbroso, com um farolete à mão.
Depois de uma minuciosa busca, encontrei uma passagem secreta, que conduzia a um átrio subterrâneo. Havia quatro caixões. Num de eles se encontrava Lalinha; nos outros dois, Clóvis e Miltão; e no quarto caixão, ...?
Eu sabia que tinha que cravar uma estaca no coração de cada um deles. Olhei para o rosto de Lalinha, não tive coragem para principiar por ela. Em seguida, para os de meus amigos; mas também não foi póssível levar a cabo o que me propusera fazer. Voltei a atenção para aquele horrível monstro, que transformara meus amigos em vampiros e o odiei com todas as forças de meu coração. Direcionei a estaca sobre o peito dele. Súbito, ele abriu os olhos, segurou a estaca.
- O menino está pensando que porá fim à minha vida assim tão facilmente? Eu sou o mestre dos vampiros, o conde Drákula. Muitos outros já tentaram fazer isso; mas foram todos mortos.
Lalinha levantou-se do caixão, ao mesmo tempo em que Miltão e Clóvis também se levantaram.
- Mestre, deixa eu dar uma mordidinha nele! Estou morrendo de sede!
- Para trás, vampira! Será eu quem irá matá-lo!
Ele agarrou-me pelo pescoço, suspendeu-me do solo. Desesperado, meti a mão no bolso do sobretudo, peguei da cruz, pressionei-a contra a testa dele. Ele deu um urro, jogou-me de encontro à parede. Ofegante, cai perto da estaca. No exato momento em que o vampiro voltava ao ataque, saltando sobre mim, apanhei-a e ele acabou com o peito traspassado. O vampiro emitiu um berro, que todo o bairro de Itaquera deve ter ouvido. Mas até hoje ninguém, à exceção de minha mulher Lalinha, e o padrinho de casamento dela; Miltão, e o meu; Clóvis, não sabe que eu matei o conde Drákula, libertando-os da maldição vampírica.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

PEÇAS DE MUSEU

Você, que vive acorrentado à rotina
Correndo feito doido pra chegar ao trabalho
Vê se se atina...
Saia pra ver as flores molhadas de orvalho

Embelezando os canteiros do jardim.
Esfregue a lâmpada de Aladim
De tua imaginação
Fuja do teu patrão

Voando num tapete voador
Tão alto quanto a um condor.
Ouse, tente resistir
Modifique as regras do jogo da vida.

Pinte este teu mundinho limitado
Lute pra ver se essa idéia engravida
Dá à luz um novo universo colorido e ilimitado
Onde os feitores tique-taques,

Puxa-sacos de patrão,
Nunca, nunca mais nossas vidas comandarão!
Serão como velhas peças de museu sem importãncia
Que todas as pessoas delas não mais se lembrarão

Procurando manter distância
De tudo o que lembra a hegemonia do patrão
Que um dia vivia à custa de sua mão-de-obra
Mas que tinha por você a mesma comiseração de uma cobra.

NAMASTÊ

Um dia,
Me vi caído ao chão...
Por orgulho e ignorância
Não via
Tampouco percebia
Que existe ALGUÉM
Com QUEM podemos contar
Que em nosso auxílio vem
Tão certo quanto ao pulsar
De nosso coração
Que é o único lugar
Onde o ABSOLUTO reside.
Mas no momento em que fechei
Os olhos para as quimeras
Ilusões do mundo material
Só então pude sentí-Lo
Perceber que ELE é maior
Do que tud`aquilo
Que a maioria das pessoas valoriza
Porque NELE não tem fé.
No entanto, DEUS é paciente
Esperará eternamente por ti
Por mim e por todos
Porque não somos um ser
Fraguimentado no universo;
Mas, sim, parte de um TODO...
NAMASTÊ, isto é,
DEUS EM MIM, SAÚDA DEUS EM TI!

CRÔNICA DO DESAMOR

É sabido que quando um indivíduo começa a envelhecer, começa a não se adequar mais aos novos valores da sociedade em que vive, se contrapondo a tudo. Quando criança, eu ouvia muitas vezes os mais velhos dizerem:
- No meu tempo não era assim... No meu tempo era assim e assado... e não desse jeito que é hoje...
Eu ficava sem entender o que eles queriam dizer com esse no meu tempo... Ora, que conversa mais estranha essa. Afinal, não estavam eles tão vivos quanto eu? Hoje em dia, percebo que o presente tem uma relação muito forte com o passado. Tudo que acontece no presente é um reflexo do que ocorreu no passado. O amor, por exemplo, é um sentimento que não é uno. Os gregos já sabiam disso muito bem. Tanto que havia três classificações para ele - Filia, Eros, Ágape. Entretanto, no tempo em que eu era garoto as canções tinham por tema sempre o amor. No entanto, o amor que era exaltado sempre se tratava do amor entre um homem e uma mulher. Filia - amizade - Ágape - Amor Universal, por tudo e por todos - nunca eram abordados. O amor erótico, quase sempre, é o mais pobre, porque vem sempre acompanhado de uma boa dose de possessão, ciúmes e discórdia.
Assim sendo, se o Amor Ágape tivesse sido mais valorizado outrora, no presente não estáriamos presenciando tanta falta de afeto entre as pessoas. Agora, até as palavras afetuosas ditas pelos jovens dirigidas aos seus amigos são agressivas e desrespeitosas. É comum ouví-los tratando uns aos outros de cuzão, ou então arrombado em substituição a meu querido, meu amigo, meu chapa, etc. Até nos aniversários, na hora de cantar os Parabéns para o aniversariante, interpolaram alguns termos de baixo calão à letra da canção. Colhemos o que plantamos. A violência que contemplamos atualmente, foi plantada, adubada e cultivada pela indústria da violência que está presente no mundo todo.

BELELÉU

Sô fia dum agricultô!
Moramo numa tapera.
Papai diz qu`é mui filiz
Que o bom Deus li dera
Mamãe e eu para ele
Porqu`ele nos considera

A maió riqueza do mundo.
Sô muit`apegad`a ele.
El`é u`amô de pessoa.
Às vezes, peço par`ele
Mi alevá lá na fêra.
subo na cacunda dele

Pois nem cavalo temo.
Vamo nóis pelo caminho
Falano qual papagaio.
com muito, muito carinho
Pára, pega nos arbusto
Meia duza de gainho

De fulôs linda do campo
Infeit`a cabeça minha
Mi dá um montão de bejo
Mi diz que sô sua lindinha.
quando chegamo na fêra
Vejo muitas bonequinha

Nas barraca dos ferante.
Sei qu`ele não tem dinhero
Pra comprá uma pra mim.
Aí, nem faço berrero.
El`acaricia meu rosto
completamente, intero

Triste por não mi podê
Fazê aquele grã mimo.
Quando voltamo pra casa
Mostra pur que eu li`istimo.
Faiz u`a boneca pra mim.
Não é igual a que vimo

Pruqu`él`é de pano.
mas tem té mais valô
que foi feita com carinho.
Como não li tê amô?
El`é tudo qu`eu mais amo.
Com coração chei de dô

É que tô lembrano dele.
Sempre vi mamãe falá
Quando perdi`alguma coisa
Que tal tinha ido pra lá,
Ou seja, pro Beleléu.
eu prifiro criditá

Que o meu papai não morreu
Que no Beleléu tá,
com saudade, é verdade
Mais m`esperano lá,
Já que tudo pra lá vai
Que prezamo par`está

Sempre do nosso ladinho.
ah!paizinho! que saudade!
Cê foi pro Beleléu cedo
nem avistô sua beldade
Transformá em uma moça
Que hoje, na realidade

Vai pra igreja casá.
Divid`a sua grande falta
Tirio vai mi conduzí
Até o santo-altá.
Mais eu sinto sua prtesença
Sempre co`eu ocê vai tá.

SONHOS LIBERTÁRIOS

Havia uma formiguinha
Qu`era sozinha no mundo.
Mui trabalhador`él`era.
Desci`em buraco profundo
À procura de sustento.
Mas antes que m`aprofundo

No foco da narrativa
Devo dizer ca formiga
É u`a espécie singular
Que tenh`em conta d`amiga
Que quando me lembro dela
O pensamento formiga

A passear junto dela.
Voltemos à formiguinha.
Él`é bastante fortona
Mas consciência não tinha
Que se juntasse cas otra
Milhares de amiguinha

A vida lhe ficaria
Mais fácil de se levar.
vive numa grâ colônia
cujo lema do lugar
É competí`e competí
Sem importância ligar

Àqueles que são vencido.
Até que, num belo dia
A formiga se deu conta
Que a colônia podia
Ser bem melhor para todas.
Para tanto, defendia

A idéia d`igualdade
social entr`as formiga.
Assim send`a danadinha
Comprô u`a tremenda briga
Com as dona do poder
Que diziam ser amiga

De tod`a colônia delas.
Mas, em verdad`era não.
Só faziam prometê
Qu`iam dividí o pão
Chamando o formigueiro
De meus querid`irmão,

Que venha ao nosso Reino
E ao Vosso, qu`é bom, nada...
Cada dia que passava
a riqueza das danada
Só fazi`er`aumentar mais
E ninguém fazia nada.

A única que protestava
Er`a nossa lutadora
Formiguinha destemida.
Mas daí a mídia traidora
Distorci`o qu`ela dizia
Chamando d`opositora

Da liberdade formigal,
Qu`él`er`a grand`inimiga
De tod`o corpo social.
Arrumaro tant`intriga
Que ninguém mais achava
Qu`él`era de ver`amiga

Das formiga proletária.
Da colônia foi banida
Ca intenção qu`ela fosse
Pra todo sempr`esquecida
Cos seus sonho maluco
De fazê u`a colôn`unida

Na qual ninguém mais ia
Morrer de fom`ou de frio.
Bem, todos mártires morre
Mas não a água do rio
De seus sonho libertário
Que sempre fluirá com`um rio.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

FATO ESTRANHO

Fato Estranho
Ele, fato estranho esse, mesmo já tendo passado a fase de crescimento, a cada aniversário seus pés cresciam alguns centímetros.
Os anos continuavam transcorrendo. O pé dele ficavam cada vez maior. Em contrapartida, a um outro sujeito acontecia outro fato também muito curioso. Eram as orelhas daquele indivíduo que cresciam espantosamente... Com o ininterrupto passar do tempo, o primeiro atingiu o pico do auto-conhecimento. O outro? O outro precipitou-se inrreversivelmente no abismo da escuridão de sua ignorância.

sábado, 17 de outubro de 2009

Povo-gado

Moço, vim lá do sertão!

Sou parte do grã rebanho

Do povo-gado excluído

Da posse da terra; estranho!

Quem trabalha não ter terra!

Pode ser que sou tacanho


Que o que digo já dissero;

Mais isso, tá certo não!

Pra que nos tirar a terra?

Isso é nos roubar o pão

Da boca de nossos filhos

Homem, cadê compaixão?


Não basta ir lá na igreja

Ajoelhar, comungar

Juntamente com o pobre

Depois não o enxergar

Como semelhante seu

Que tem direito a um lugar


Neste universo caótico

Aqui na cidade-grande

Não é diferente, não.

existe sempre quem mande

Na massa despossuída,

Ou então que desmande


Autoritariamente;
Meaçando decepar
Qualquer gesto de revolta
Daqueles que não em lar.
Ao pobre não há saída
Senão a de ir ocupar

As áreas escarpadas.
A cada chuva um medão
De que tudo venh`abaixo.
Que falta de retidão
desses governos corruptos
Que são pura podridão.

Politicachorros

Dói, dói saber.

Que tem muita gente

Que passa fome

Enquanto alguns comem à tripa forra,

O que necessitam e o que não necessitam

Que são capazes de negar

Aos outros até as migalhas

Que sobraram de suas mesas

Políticos! Que mentirosos que eles são!

Aqueles mitômanos deveriam

Ser encerrados em canis,

Metidos em focinheiras

Para que não ladrassem mais

Suas demagogias;

Pois lá que são os lugares próprios para politicachorros

Felizmente, nem todos são.

Daqueles tipos de cães

Que brigam até com a mãe

Pela posse do osso do poder.

Que decepção a existência deles!

Perdoem-me os cachorros

Que são os melhores amigos do homem

Por essa triste comparação

Que faço de vocês com o homem,

Pois a raça canina é impoluta

Quando comparada ao ser humano

Viva a Liberdade

Agora que, finalmente

Do jugo patronal te libertaste

Viva a tua vida sem culpa de curtir o lazer

De nada fazer.


Somente aquele que entender

Que a arte é uma forma de poder

Que acaba nos libertando

Encontrará prazer na vida mesmo se aposentado.


A origem da palavra trabalho

É tripali, antigo instrumento de tortura.

Não é à toa, vovô, que malho


O hipócrita louvor ao trabalho assalariado

Pois sei que tem muita gente que fatura

Milhões em cima da mão-de-obra do proletariado

Bomba-relógio

Se sentado à mesa de um bar
Olhado meu copo de cerveja espumar
Viajando pelas quimeras paragens do álcoolfugilismo
Sem nenhuma vontade de voltar com meu mutismo


Para esta realidade que nos devora
Pergunto, oh meu Deus, e agora
Que a segunda-feira chegou
Tudo de mão dadas com a ressaca voltou


Ser cobrado pelo SPC sem nem uma consideração
Ter que olhar para cara de sádico do patrão
É... acho que não tem jeito


Até parece que dentro do meu peito
Tem uma bomba-relegio ao invés de um coração
Que não suporta mais tanta humilhação

Palavrão

Soltarei o verbo!
Não medirei palavras...
Gritarei alto e bom som
Um mega-palavrão:
Aticontitucionalissimamente!
Porque aquele que diz
Que mulher se libertou
Do jugo masculino, mente.
Ela está longe disso
Pois as que sobressaem
Dentro do patriarcal sistema capitalista
Tiveram que se masculinizar...
Que grande azar!
O mundo só melhorará
Quando o homem respeitar
Todas as mulheres;
Do contrario não teremos mais mulheres ;
Mas sim, seres ginofálicos